Há 15 anos que um casal da Covilhã peregrina até ao Santuário de Fátima uma vez por mês, contabilizando cerca de 180 presenças na Cova de Iria para pedir ajuda a Nossa Senhora.
“Não acaba um dia do mês que eu não venha, que enquanto venho ele está vivo”, explicou Maria Teresa, indicando com a cabeça de que fala do marido que combateu na guerra colonial, em Angola, onde terá sofrido um grave acidente. “Já cá vinha, mas depois o meu marido esteve muito mal e prometi a Nossa Senhora que vinha cá todos os meses”, explicou a peregrina no sábado de manhã, antes de cumprir o ritual de percorrer o recinto de joelhos. Fisicamente não lhe custa nada, garantiu, mesmo aos 70 anos, porque tem fé e nada nos joelhos que a impeça. Já o dinheiro despendido nas viagens está praticamente pago.”Se ele fumasse, ou eu, ainda gastávamos mais”, justificou. Ao lado, Joaquim Ferreira Silva, o marido, acena em concordância “Nossa Senhora dá-me forças todo o ano, corre-me bem a vida”, assinalou, explicando, contudo, que mais do que se ‘fiar na Virgem” é importante dar o primeiro passo e não ficar à espera da intervenção divina. De um autocarro que veio da Trofa, várias peregrinas saíram em direção ao recinto, com paragem obrigatória pelo tocheiro, para queimar as velas que encerram promessas bem terrenas. Ermelinda Luís, de 60 anos, veio pedir pelos filhos, pela família, pelos netos, mas não esquece o momento que o país atravessa. “Venho pedir emprego, porque há muito desemprego e muita gente a passar fome”, explicou. Talvez inspirada pelas últimas declarações do bispo da Guarda que considerou que os bancos e os ricos é que “têm de pagar a crise”, Ermelinda Luís veio pedir a Nossa Senhora que ilumine as almas dessas pessoas ricas” para que “ajudem os pobres e não lhes tirem tudo para que também possam viver”. Luísa Domingues, outra peregrina, estreou-se numa peregrinação a pé. Saiu da Figueira da Foz na sexta-feira à noite e, para além de enumerar os motivos que lhe explicam a devoção, a peregrina ao entrar no recinto do santuário de Fátima também faz contas às bolhas nos pés e às dores musculares. Feita a contabilidade, assegurou, “valeu a pena”. Se é para repetir, já não disse. A peregrinação internacional dos dias 12 e 13 de outubro na Cova de Iria dedicada ao tema “Mantenhamos firme a confiança” foi presidida este ano pelo cardeal Tarcisio Bertone, secretário de Estado do Vaticano.