Cafés da Guarda juntam rolhas para ajudar pessoas com deficiência

A recolha de rolhas é uma prática comum em vários cafés da cidade, mas também em associações. As rolhas de plástico que já não precisa vão diretamente para o caixote do lixo? Há cafés e associações no concelho da Guarda que as recolhem para apoiarem pessoas próximas – e mesmo desconhecidos – que precisam de […]

A recolha de rolhas é uma prática comum em vários cafés da cidade, mas também em associações.
As rolhas de plástico que já não precisa vão diretamente para o caixote do lixo? Há cafés e associações no concelho da Guarda que as recolhem para apoiarem pessoas próximas – e mesmo desconhecidos – que precisam de uma cadeira de rodas ou de material informático especial. Isto porque, além das vantagens ambientais em reutilizar o plástico, estas rolhas valem fundos que revertem depois para a aquisição de equipamentos. Um dos locais onde se recolhem tampas na cidade é o Café Medieval, no bairro das Lameirinhas, que mantém esta prática há quatro anos e meio. «Já ajudámos cinco pessoas e sei que pelo menos duas conseguiram o que pretendiam: uma cadeira de rodas e um computador», adianta Sandra Azevedo. A proprietária do café está atualmente a juntar rolhas para uma familiar: «São para a minha prima e já temos quase as necessárias. Ela tem 26 anos e precisa de uma cadeira de rodas nova», revela a comerciante, que vai continuar a reunir tantas rolhas quanto conseguir, mesmo que não precise: «Assim, quando souber de alguém que preciso ajudo, até porque se está sempre a ouvir falar dessas situações», sustenta. É com orgulho que Sandra Azevedo fala da onda de solidariedade que já é intrínseca à dinâmica do próprio café: «Aqui tem sido fácil arranjar um número razoável de rolhas em pouco tempo. Há cafés, garrafeiras e pessoas particulares que me trazem tampinhas», afirma, confessando que já perdeu a conta a quantos se deslocam ali frequentemente com um saco ou garrafão cheio de tampas. «Normalmente é algo que vai para o lixo, mas se entregarem nalgum lado vão contribuir para uma causa nobre», sublinha a proprietária.
Há mais espaços a recolherem tampas de plástico
A umas dezenas de metros de distância, Fernando Mariano também junta rolhas no café do Grupo Desportivo e Recreativo das Lameirinhas (GDRL) para ajudar um vizinho. O colaborador reúne tampas há meia dúzia de anos, desde que contribuiu para a cadeira de rodas de uma pessoa daquele bairro. «Pouco a pouco, vai-se tentando juntar um bom número, não se deitam rolhas para o lixo», explica. Atualmente quase ninguém entrega tampas no estabelecimento, o que complica uma recolha mais rápida, mas a vontade continua. «Há alguns anos eram poucos os que recebiam, mas agora é mais habitual e os que deixavam aqui deixam noutro sítio, pelo que nada se perde e sempre se ajuda alguém», considera o colaborador do Lameirinhas, que reúne todas as rolhas que consegue. Também na CERCIG (Cooperativa de Educação e Reabilitação de Cidadão Inadaptados da Guarda) é uma prática comum reunir tampas para apoiar a aquisição de cadeiras de rodas. «A campanha já é feita há dois ou três anos. Recolhemos aqui e se nos trouxerem também aceitamos», refere Ricardo Antunes, assessor da direção. A instituição já recebeu a bandeira verde do Programa Eco-Escolas, que distinguiu a cooperação com várias escolas, onde além de tampas são recolhidos pequenos eletrodomésticos usados e pilhas, entre outros. «O feedback é positivo, há muita gente que nos traz rolhas. Numa fase inicial ainda havia algumas dúvidas, nomeadamente se era verdade ou não», recorda o responsável. De momento a CERCIG está a recolher para ajudar um utente: «Precisamos de mais de uma tonelada de tampas para o Fernando», adianta Ricardo Antunes, que chama a atenção para a utilidade dos velhos eletrodomésticos: «Às vezes despejam-nos em matas e noutros sítios, mas se no-los dessem conseguíamos ter algum retorno para a instituição», refere. A quantidade necessária para obter uma cadeira de rodas depende do tipo da mesma, sendo o mínimo uma tonelada de rolhas.

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