Bispo da Guarda diz que crise convida a “repensar” vida pessoal e comunitária

O bispo da Guarda considerou hoje que a atual crise pandémica originada pela Covid-19, que afeta o país e o mundo, “convida a parar para repensar” a vida pessoal e comunitária.

“As circunstâncias da crise pandémica que nos afeta obrigam-nos a parar. Reforçam, assim, a pedagogia da Quaresma que nos convida a parar para repensar a nossa vida pessoal e comunitária”, refere Manuel Felício.

Na nota episcopal com o título “Em tempo de crise, parar para repensar a vida”, publicada na página na internet da Diocese da Guarda, o prelado defende que as pessoas devem ver-se “ao espelho”.

“Este é tempo especialmente oportuno para nos vermos ao espelho, ou seja, tempos de procurarmos olhar para as dimensões da nossa vida pessoal e também de relações que a agitação da vida diária não nos facilita. E se esse olhar sobre a nossa vida e as nossas relações puder ser ajudado por aqueles que nos estão mais próximos, tanto melhor”, escreve Manuel Felício.

“Nos tempos chamados de pós-modernidade, que condicionam a vida em sociedade, somos induzidos a esquecer que a vida pessoal e das comunidades, com suas instituições, é uma história com passado, presente e futuro, para ficarmos exclusivamente confinados à fugacidade do momento presente”.

“Vivemos, como explicam entendidos analistas, em tempos de aceleração social, provocada pela aceleração tecnológica, a aceleração das mudanças sociais e a aceleração do fluir da vida pessoal”, acrescenta.

Na mesma nota, refere que outra consequência da pós-modernidade, associada ao fenómeno da globalização, “conduz a perdas de identidade, tanto nas pessoas como nas comunidades e suas instituições, como também a nível mais geral de povos e nações com suas maneiras próprias de organizar a vida”.

“Será positivo, se a crise criar condições de paragem para que estas e outras condicionantes da nossa vida pessoal e comunitária passem a ser mais objeto das nossas preocupações e intervenções. Parar para repensar a vida diante da nossa consciência e diante de Deus, aquele que é sempre o próximo mais próximo de cada um de nós, é o caminho certo”, defende Manuel Felício.

O bispo da Guarda sublinha ainda que os sacerdotes estão “disponíveis e sempre contactáveis” para atuarem em situações de emergência, para darem orientações ou para interagirem com as pessoas, “através dos meios considerados os mais adaptados, incluindo as redes sociais”.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da Covid-19, infetou mais de 220 mil pessoas em todo o mundo, das quais mais de 9.000 morreram.

O surto começou na China, em dezembro de 2019, e espalhou-se já por 176 países e territórios, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.

Em Portugal, a Direção-Geral da Saúde (DGS) elevou hoje o número de casos confirmados de infeção para 785, mais 143 do que na quarta-feira.

O número de mortos no país subiu para três.

Portugal encontra-se em estado de emergência desde as 00:00 de quarta-feira.


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