O estudo – que tem como amostra 5.500 jovens com uma média de idades de 15 anos provenientes de todo o território nacional – revela também dados sobre vitimização, sendo que 19% dos inquiridos, ou seja cerca de um quinto, com maior incidência nas raparigas, disseram que tinham sido vítimas de algum comportamento de violência psicológica.
Em conferência de imprensa a presidente da UMAR, Maria José Magalhães, vincou a importância da realização de estudos e de campanhas sobre violência no namoro pois, disse, “sabendo o que elas e eles pensam, podemos trabalhar a legitimação que é um indicador de uma eventual violência doméstica no futuro”.
O estudo desenvolvido pela UMAR inclui também, e pela primeira vez, análises sobre violência através das redes sociais e sobre atos de perseguição.
Assim, 28% dos inquiridos não reconhece como violência situações de controlo como proibir de sair sem o companheiro ou de falar e estar com um amigo, bem como obrigar a trocar determinada peça de roupa.
No que se refere à violência sexual, 24% legitimam este tipo de violência, sendo que 13% consideram normal a pressão para ter relações sexuais, sendo a maioria rapazes (22%) face às raparigas (5%).
O relatório indica ainda que a perseguição, durante e após um relacionamento íntimo, constitui uma das formas de violência que oprime as vítimas, criminalizada desde 2015, no entanto a cultura patriarcal tende a relacionar estes comportamentos a “amor romântico”.
Quanto à vitimização, 19% dos inquiridos admitiram terem sido vítimas de violência psicológica, 15% de perseguição, 11% de violência via redes sociais, 10% de controlo e 6% de violência sexual.
Focando-se na violência através das redes sociais, o estudo revela que há uma maior prevalência de rapazes a afirmar sofrer estas formas de violência (12%), ainda que também as raparigas (11%) digam ser vítimas.
Sobre o insulto e humilhação ‘online’, 11% dos inquiridos, sem grandes diferenças entre rapazes e raparigas, dizem ter sido vítimas.
“Estes comportamentos de abuso ‘online’ são inquietantes” na medida em que cruzam aspetos de atos de insulto que se tornam públicos e podem tornar-se virais e ter persistência no tempo, tendo um “potencial de dano muito alto e indicam um uso das redes sociais como canais de abuso e opressão”, refere o relatório.
A UMAR também apresentou uma comparação com os números do ano passado – mas frisando sempre que a amostra de 2017 abrange inquiridos de um território mais alargado, uma vez que inclui Portugal Continental e Ilhas – registando-se um aumento de 10 pontos percentuais na vitimização psicológica (de 9% em 2016 para 19% este ano) e de três pontos percentuais no controlo (de 7% para 10%).
Em jeito de análise aos dados, Maria José Magalhães, lamentou que “a naturalização da violência esteja presente na sociedade em geral” e lançou alertas aos pais, educadores, docentes e instituições.
“A sociedade adulta é responsável pelas mensagens que são passadas à geração seguinte”, disse a presidente da UMAR que falava ao lado da secretária de Estado para a Cidadania e a Igualdade, Catarina Marcelino, que, por sua vez frisou que “há uma cultura de violência que tem de ser combatida”, sendo a “grande aposta a prevenção e a consciencialização”.