ASTA lança projeto de integração de migrantes pelas artes na Guarda

All Aboard Guarda

A ASTA – Teatro e Outras Artes quer ajudar a integrar os imigrantes na comunidade da Guarda através das artes com o projeto ‘All Aboard’, apresentado esta quarta-feira, na véspera do Dia Internacional dos Migrantes.

“O objetivo é promover a inclusão social, o intercâmbio cultural, sensibilizar a comunidade local para os desafios e competências dos migrantes e criar um modelo replicável de integração social em áreas de baixa densidade”, adiantou Rui Pires, da direção da ASTA, na conferência de imprensa de apresentação do projeto, realizada no Teatro Municipal da Guarda (TMG).

O ‘All Aboard’, que conta com a parceria da Câmara da Guarda, vai começar em janeiro de 2026 e decorre até 2028, envolvendo um processo de reflexão e de criação artística nas áreas da escrita, música, artes urbanas, artes plásticas e teatro.

O resultado final será apresentado ao público num espetáculo no TMG e vai dar também origem a uma exposição, um mural, um concerto, a edição de um livro e a um documentário sobre o desenrolar do projeto.

“A população migrante está um pouco à margem da comunidade onde vive por razões culturais, religiosas ou da língua. Com este projeto, queremos juntar os migrantes que aqui residem com a população da Guarda para a sua plena integração na comunidade”, disse Rui Pires.

O ‘All Aboard’ será desenvolvido em três ações, a primeira das quais arranca em janeiro de 2026 com campanhas de sensibilização junto dos guardenses e da população imigrante residente no concelho.

A iniciativa será divulgada, sobretudo, nas escolas, centros culturais e espaços comunitários do concelho, “porque é muito difícil chegar a estas pessoas por causa da desconfiança e do medo que têm”, indicou o membro da direção da ASTA.

A meta é envolver, “no mínimo”, cem migrantes, mas Rui Pires acredita será possível chegar “a muitos mais em três anos”.

A segunda ação prevista colocará os participantes a refletir sobre o tema da inclusão social e cultural e também sobre as suas experiências no novo contexto em que vivem.

“Esta primeira abordagem será filmada para permitir uma comparação entre perceções iniciais e finais do projeto, como catalisador da mudança”, especificou Rui Pires.

Nesta fase, prevista para janeiro do próximo ano, começará também o processo de criação, com oficinas de artes plásticas e arte urbana, música e teatro, tendo por base o tema da Inclusão dos Migrantes.

Estão ainda agendadas ações de formação em escrita criativa, artes, técnica vocal e instrumental, composição musical e representação, que vão decorrer no TMG, no Museu da Guarda e no Espaço Memória do Simpósio Internacional de Arte Contemporânea (SIAC) da Guarda.

No final do projeto, promotores, participantes e comunidade local serão chamados a avaliar o trabalho desenvolvido, os seus resultados e verificar se se criaram “laços de pertença entre migrantes e a comunidade local, onde as diferenças culturais são não apenas aceites, mas celebradas, contribuindo para uma integração mais profunda e sustentável”, considerou Rui Pires.

Sérgio Costa, presidente da Câmara da Guarda, disse esperar que o ‘All Aboard’ possa ser “um bom exemplo para o país de integração da população migrante, porque é disruptivo daquilo que são as atuais tendências nacionais”.

“Portugal precisa muito dos imigrantes, concretamente, a nossa região e as nossas empresas”, considerou o autarca.

O projeto garantiu um financiamento de 200 mil euros, apoiado em 80% pelo programa Portugal Inovação Social, uma iniciativa pública pioneira que mobiliza fundos da União Europeia para projetos de inovação social e dinamiza o investimento social em Portugal, e o Programa Regional do Centro – Centro 2030.

Os restantes 20% são maioritariamente suportados pela autarquia, bem como pela empresa Incipit, da Covilhã, parceira habitual da ASTA.


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