O Castelo de Monforte de Riba Côa, localizado nas imediações da povoação de Bizarril, freguesia de Colmeal, concelho de Figueira de Castelo Rodrigo, distrito da Guarda, “integrou em tempos medievais a rede de fortificações da comarca leonesa, na fronteira com o reino de Portugal até 1297, altura em que passou para a esfera portuguesa com a assinatura do Tratado de Alcañices”, disse hoje à agência Lusa Carlos d’Abreu, presidente da associação.
“Sendo desconhecida a sua data de fundação, ainda que se possa situar algures no século XII, sabe-se que o castelo perdeu a sua importância estratégica após a redefinição da fronteira luso-castelhana”, indicou o dirigente da associação que tem sede em Figueira de Castelo Rodrigo.
Todavia, segundo o responsável, “o lugar de Monforte de Ribacôa, pela sua implantação topográfica e localização geográfica junto de um dos principais cursos fluviais da região, constituiu um local atrativo para fixação de populações em tempos muito recuados, reportando a sua ocupação mais antiga à Idade do Bronze, com uma posterior reocupação durante a Idade do Ferro, confirmada pela cultura material observada à superfície”.
A Ribacvdana vai avançar com o Picmor – Projeto de Investigação do Castelo de Monforte de Ribacôa, com o qual “pretende promover um estudo intensivo” daquele local.
O sítio, após perder importância na estratégica da defesa do território, foi “votado ao abandono”, situação “em que ainda hoje se encontra”, pretendendo a associação recuperá-lo, “tornando-o num lugar de cooperação sociocultural e económica entre a região do Vale do Côa e a Comunidade de Castela e Leão [Espanha]”, referiu o dirigente.
O projeto contempla “o estudo extensivo dos vestígios arqueológicos do Castelo de Monforte de Ribacôa, através da topografia intensiva do sítio arqueológico, prospeção intensiva dos seus vestígios e realização de sondagens arqueológicas em áreas chave, no sentido de tentar perceber as várias ocupações deste lugar, a sua cultura material e a interação e integração numa rede mais vasta de castelos medievais, comprometidos com a defesa da fronteira luso-espanhola”.
São também intenções dos promotores, entre outras, “o estudo integral numa lógica de arqueologia comunitária do sítio arqueológico através da integração das comunidades nas várias etapas do projeto” e a dinamização de roteiros arqueológicos no território do município de Figueira de Castelo Rodrigo, na região do Vale do Côa e no outro lado da raia.
O projeto Picmor, a desenvolver a partir deste ano, pode “tornar-se uma ferramenta importante para a promoção do desenvolvimento sustentável da região, bem como para a coesão social e o desenvolvimento económico”, de acordo com Carlos d’Abreu.