Leite
Lacticínios explicou hoje à Lusa ter apresentado queixa contra o Continente e o Pingo Doce por ‘dumping’ no preço do leite afirmando que a prática está a destruir o valor do produto.
“Um litro de leite no produtor – ‘à saída da vaca’ como costumamos dizer – é paga, em Portugal e no país de origem desse leite [uma parte é de França e outra de Espanha], a preços claramente superiores a 30 cêntimos”, disse Pedro Pimentel.
No entanto, “o preço que estava a ser pedido ao público era, no caso do Continente, de 13 cêntimos por litro e, no caso do Pingo Doce, de 24,5 cêntimos por litro”, referiu, sublinhando tratar-se de preços que constituem prática de ‘dumping’, ou seja, cujo preço ao consumidor é inferior ao pago aos produtores.
Com base nos anúncios e folhetos de campanha divulgados pelas duas superfícies comerciais, a associação apresentou à Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) uma denúncia que resultou numa fiscalização ainda a decorrer.
“A partir de factos que eram públicos e que estavam nas cadeias de hipermercados a serem comunicados aos consumidores e que nós entendíamos que eram claramente abaixo dos preços de custo, pedimos uma actuação à ASAE para que uma prática que considerávamos ilegal e desadequada fosse parada”, contou Pedro Pimentel.
“Tivemos conhecimento ontem [na quinta-feira] pela própria ASAE que essa actuação estava a decorrer sem referência nem a espaços comerciais onde estava a incidir – embora a queixa fosse contra as campanhas do Continente e do Pingo Doce – mas não sabemos que lojas” foram fiscalizadas.
“A ASAE transmitiu-nos também que foi apreendido um volume alto de produtos das lojas não por uma questão de qualidade mas de prática comercial”, acrescentou.
De acordo com o director geral da associação de lacticínios, a ASAE terá dito às cadeias de distribuição que “ou o preço de venda do bem correspondia ao preço normal sem a prática de ‘dumping’ ou o produto não podia ser vendido e, como tal, encontrava-se apreendido”.
Referindo que a queixa não teve como intenção prejudicar as cadeias de supermercados e que entende a ideia de colocar um produto a preços mais baixos numa altura de crise, Pedro Pimentel sublinhou que tal não pode resultar na “destruição pura de valor” de um bem.
Isso “é ilegal em Portugal e em qualquer parte do mundo”, concluiu.
Fonte: Lusa