O presidente da Câmara Municipal de Mêda manifestou-se hoje contra o fecho do tribunal local, previsto na última proposta para a Reforma Judiciária, por considerar que a decisão irá “destruir” o concelho “de vez”.
“É matar o interior e é destruir estas terras de vez. Sabemos que as pessoas são idosas e não têm forma, nem meios, para se deslocarem a outros concelhos”, afirmou hoje à agência Lusa o novo autarca de Mêda, eleito pelo PS. A última proposta do Ministério da Justiça para a Reforma Judiciária, a que a Lusa teve hoje acesso, mantém a extinção de quase meia centena de tribunais. O documento aponta para a extinção de 47 tribunais, menos dois do que a proposta conhecida há um ano, um número que contempla os que encerram definitivamente e aqueles que serão substituídos por secções de proximidade. Comparando com a proposta anunciada há um ano, o número de tribunais a encerrar passa de 26 para 22 e o número de secções de proximidade aumenta de 23 para 25. No distrito da Guarda, para além do encerramento do tribunal de Mêda, para onde estava anteriormente prevista uma secção de proximidade, está também previsto o fecho do de Fornos de Algodres. O presidente da autarquia de Mêda disse hoje à Lusa que não tem conhecimento da última proposta do Ministério da Justiça, tendo recebido a notícia do eventual encerramento do tribunal local “com grande tristeza”. Lembrou que o anterior executivo da Câmara Municipal, a que também pertencia na qualidade de vice-presidente, fez “várias diligências” e teve “reuniões com a ministra da Justiça”, a quem, em finais de 2012, foi demonstrada a “revolta e indignação” pelo possível fecho do tribunal previsto no primeiro anúncio da reforma do mapa judiciário. Perante o novo cenário, Anselmo Sousa anuncia que irá “fazer tudo por tudo para que isso não aconteça” e para que o edifício do tribunal se mantenha em funcionamento, alegando que pertence ao Estado, é de construção recente e “tem todas as condições” para continuar a servir a população. “Iremos fazer tudo o que estiver ao nosso alcance [para evitar o fecho do tribunal]. Vamos a Lisboa e vamos protestar com a população. Não vamos ficar quietos”, prometeu o autarca de Mêda.