Aldeia da Guarda volta a celebrar “Magusto da Velha” no dia a seguir ao Natal

Luís Prata adiantou que naquele dia serão lançados 160 quilogramas de castanhas do cimo da torre da igreja e serão distribuídos 50 litros de vinho.

A freguesia de Aldeia Viçosa, na Guarda, celebra o “Magusto da Velha” no dia a seguir ao Natal, após dois anos em que o evento não decorreu da forma tradicional devido à pandemia, disse o seu presidente hoje, dia 23 de dezembro.


Em 2020 e 2021 a Junta de Freguesia assinalou a data com a distribuição de castanhas e vinho pelas casas, mas, este ano, a tradição volta a ser cumprida e as castanhas já serão lançadas do cimo da torre da igreja.


“[Este ano] temos o regresso do ‘Magusto da Velha’. Nos anos de pandemia cumprimos sempre o testamento, só que fomos à casa das pessoas levar as castanhas e levar o vinho para que se cumprisse a tradição. Este ano, estamos todos ávidos com o regresso do ‘Magusto da Velha’ e teremos novamente as castanhas a ‘voar’ da torre da igreja”, disse hoje à agência Lusa o autarca Luís Prata.


O responsável acrescentou que, no âmbito da tradição, naquele dia também será distribuído vinho de um produtor local, haverá rebuçados (para as crianças), torradas (pão torrado embebido em azeite) e “muita animação, muita alegria e muita música”, também para celebrar a fase em que a pandemia foi ultrapassada.


A tradição secular do “Magusto da Velha”, considerada única no país e no mundo, e que a Junta de Freguesia de Aldeia Viçosa pretende candidatar a Património Imaterial nacional, teve origem numa doação feita por uma mulher abastada, cujo nome se desconhece, para que os habitantes daquela localidade pudessem comer castanhas e beber vinho uma vez por ano.


Segundo o autarca, “trata-se de uma tradição secular (século XVII) e singular (única no mundo), que celebra a solidariedade de uma ‘velha’, muito abastada, com o seu povo (da aldeia de Santa Maria de Porco, hoje Aldeia Viçosa), numa Idade Média caracterizada pela miséria e pela fome, lavrando um testamento segundo o qual se deveriam dar castanhas e vinho ao povo, todos os anos, provenientes da sua propriedade (Quinta do Lagar de Azeite), em troca de um Padre-Nosso pela sua alma”.


O programa do evento agendado para segunda-feira começa pelas 14h30 e inclui uma missa pela alma da ‘velha’, dramatização do testamento (pelo grupo Hereditas), cortejo do magusto e distribuição das castanhas e do vinho e animação.


Luís Prata adiantou que naquele dia serão lançados 160 quilogramas de castanhas do cimo da torre da igreja e serão distribuídos 50 litros de vinho.


O evento anual é “cada vez mais importante, não só para Aldeia Viçosa, mas também para o concelho da Guarda”, admitiu.


“Este ano já temos alguns grupos de turistas que virão ao ‘Magusto da Velha’. Portanto, já entrámos na rota turística das empresas deste ramo e a tendência é para crescermos”, sublinhou.


A Junta de Freguesia tem o grande objetivo de classificar o evento como Património Imaterial nacional e o seu presidente prevê “dar passos largos nesse sentido” até ao final do mandato autárquico.


“É um evento importante, também para a economia local. Promovemos o nosso vinho, promovemos o nosso azeite, e pensamos que é um evento que é bom a nível social, a nível económico e a nível cultural”, rematou Luís Prata.


A herança que deu origem ao “Magusto da Velha” é mencionada no “Livro de Usos e Costumes da Igreja do Lugar de Porco [antiga designação de Aldeia Viçosa] – Ano de 1698”.


A Junta de Freguesia possui um Certificado de Renda Perpétua emitido pelo Instituto de Gestão do Crédito Público que não tem valor financeiro, mas possui um “enorme valor simbólico”, segundo o autarca.


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