Responsáveis das cooperativas da Beira Interior já escreveram ao Governo a pedir ajuda para uma «situação crítica»
O presidente da União das Adegas Cooperativas da Beira Interior (Unacobi), Agostinho Monteiro, alerta para a «situação grave de falta de humidade» com que se deparam as vinhas da região, considerando mesmo que «parte importante da produção vitivinícola deste ano está comprometida».
O também responsável da Adega pinhelense refere que a situação já foi exposta numa carta enviada pela Unacobi ao Ministério da Agricultura há algumas semanas, mas diz que o cenário é agora «ainda mais crítico». «Por um lado, temos as altas temperaturas e, por outro, a falta de chuva, que leva à existência de pouca ou nenhuma humidade no solo», adianta Agostinho Monteiro. As consequências verificam-se nas uvas, que «não desenvolvem e ficam com pouco sumo, pois as videiras, perante a falta de humidade, acabam por se alimentar do próprio fruto», refere. O dirigente diz que se trata de uma «situação difícil e muito complicada em toda a região vitivinícola da Beira Interior», sobretudo porque «os seguros não cobrem este tipo de casos». Nesse sentido, o responsável refere que foi solicitada à Comissão Parlamentar de Agricultura e Mar «uma reunião para explicar o que se passa e para convidar os deputados a ver os efeitos da seca e os prejuízos causados. Tem de haver apoios por parte do Governo, pois já no ano passado existiu uma situação semelhante e os agricultores tiveram de suportar, mas não têm capacidade para o fazer em dois anos seguidos», acrescenta.
Além disso, Agostinho Monteiro avisa que, «com o decréscimo da produção e os prejuízos, podem estar em causa postos de trabalho» nas cooperativas da região, pelo que «é imperativa uma intervenção» por parte do Governo. No caso da Adega Cooperativa de Pinhel, a produção anual de uvas situa-se na ordem dos 15 milhões de quilos, mas o seu presidente estima que este ano haja um decréscimo «na ordem dos 25 a 30 por cento». Para «evitar ainda mais prejuízos», o responsável da adega adianta que «foi decidido antecipar as vindimas», que começarão a 21 de setembro. Na Covilhã, o presidente da Adega local, Francisco Matos Soares (ver entrevista nesta edição), já informou os seus associadas que o início vindimas poderá ocorrer «a partir de 17 de setembro, isto atendendo à média, mas, pelo estado das uvas, se não chover provavelmente nem nessa altura será. Quando muito poderão vindimar-se os brancos e os tintos serão algum tempo depois».