São quase 40 mil milhões de euros que continuam a ser remunerados acima dos 3%, e estão a esmagar as margens do setor bancário.
O montante aplicado pelas famílias portuguesas em depósitos de longo-prazo ultrapassou, pela primeira vez, os 39 mil milhões de euros em junho. E já representa mais de 38% do total de depósitos, de acordo com os dados ontem publicados pelo Banco de Portugal. Desde o final de 2011 que os portugueses têm vindo a transferir aplicações de curto e médio prazo para maturidades superiores a dois anos, procurando garantir a melhor taxa de juro por um período mais alargado. E se num primeiro momento estas aplicações serviram os interesses dos bancos – que aumentaram consideravelmente a oferta dada a necessidade de liquidez estável – agora são uma fonte de pressão para as margens das instituições financeiras. Com as taxas de juro de mercado deprimidas, os bancos estão a receber juros de crédito a taxa variável mas a pagar taxas fixas contratadas há vários meses. A forte contracção nos juros oferecidos nos depósitos a prazo desde final de 2011 está a surtir efeitos nos saldos de depósitos com maturidade inferior a dois anos, onde a taxa de juro média está agora nos 2,49%, mais de 100 pontos base abaixo do pico atingido em Março de 2012. Nas novas aplicações a prazo os bancos oferecem agora 2%, o valor mais baixo desde Setembro de 2010. No entanto, o efeito dos cortes de juro ainda não se fez sentir nas aplicações de longo prazo, onde a taxa de juro média dos saldos continua a subir, atingindo mesmo em Junho o valor mais alto dos últimos 10 anos: 3,12%.