Guarda e Covilhã voltam a pedir mais médicos especialistas

O concelho da Guarda está acima da média nacional em termos de enfermeiros e médicos por mil habitantes, segundo o INE. A Guarda tinha no ano passado 13,4 enfermeiros por mil habitantes, atendendo ao local de trabalho. Os dados são do Instituto Nacional de Estatística, que coloca o concelho no “topo” da região – bem […]

O concelho da Guarda está acima da média nacional em termos de enfermeiros e médicos por mil habitantes, segundo o INE. A Guarda tinha no ano passado 13,4 enfermeiros por mil habitantes, atendendo ao local de trabalho. Os dados são do Instituto Nacional de Estatística, que coloca o concelho no “topo” da região – bem distante dos outros –, naquele que é o valor mais alto desde que há registo (2002). Em 2011 os valores situavam-se nos 12,8 enfermeiros por mil habitantes, o que representava um aumento de 0,6 enfermeiros face ao ano anterior. Contudo, pode haver discrepâncias, pois os dados integram os Censos 2011, enquanto os restantes são anuais.
No distrito segue-se Seia (5,8 enfermeiros por mil habitantes), que apresenta uma média inferior à nacional. A Guarda tem sido o único concelho do distrito à frente do valor-referência português, ainda que a maioria tenha apresentado ocasionalmente subidas residuais. Porém, a média de enfermeiros desceu, em relação a 2011, nos concelhos de Aguiar da Beira, Almeida, Figueira de Castelo Rodrigo e Trancoso.
Para Vasco Lino, presidente do conselho de administração da ULS da Guarda, os valores do concelho «estão dentro do que entendemos como necessário», disse a O INTERIOR. «A média nacional desce com os distritos mais a sul, os valores que apresentamos estão no intervalo registado do rio Tejo para cima», defende. Já Honorato Robalo, dirigente do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) acredita que «os valores não são reais», por entender que podem ser «alterados por inscrições na Ordem dos Enfermeiros e pelo facto de a ULS da Guarda não se cingir ao concelho». O dirigente reitera que «em termos efetivos a Guarda continua aquém da média da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico), que são 9,7 enfermeiros por mil habitantes».
Por sua vez, em relação aos médicos por mil habitantes – por local de residência – o concelho guardense fica ligeiramente à frente da média nacional com 4,5 médicos por mil habitantes. O valor nacional, que se situa nos 4,2 médicos por mil habitantes, não é alcançado por mais nenhum concelho da região. Porém, os dados podem ser enganadores, já que diferenciam por morada e não por local de trabalho.
«Há uma dispersão muito grande, pelo que estarmos acima não quer dizer que estamos bem», atesta Vasco Lino, garantindo que «não podemos ficar satisfeitos». O presidente do CA da ULS da Guarda afirma que «temos de reforçar algumas especialidades mas precisamos de autorização, sendo que continuaremos a sensibilizar os responsáveis nesse sentido». Já Augusto Lourenço, presidente da direção do Distrito Médico local, entende que «os dados são artificiais porque os médicos que se concentram na Guarda são influenciados pelo Centro de Saúde». Atendendo à diferença face à Covilhã, que se fica pelos 3,3 médicos por mil habitantes, o responsável refere que «se trata de um concelho maior, pelo que mais gente leva a valores diferentes, mesmo que tendo o mesmo número de médicos».
O concelho covilhanense, que alberga o Hospital Pêro da Covilhã, surge em segundo em ambos os casos e fica mesmo atrás da média nacional nos médicos. Com 9,5 enfermeiros por mil habitantes, a Covilhã junta-se à Guarda acima do valor-referência de 6,2 enfermeiros. O Hospital do Fundão, o outro integrante do Centro Hospital da Cova da Beira (CHCB), regista 4,1 enfermeiros por mil habitantes. Quando confrontado com estes dados por O INTERIOR, Miguel Castelo Branco, presidente do CA do CHCB, defendeu que «essa questão só pode ser respondida com dados concretos». Já no que diz respeito aos médicos, o responsável reafirma que «faltam médicos no interior». Castelo Branco também aponta para a falta de médicos «na maioria das especialidades», já que «começando pela medicina geral e familiar, são manifestamente insuficientes».


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