A Escola Superior de Saúde do Politécnico da Guarda acolheu no passado dia 27 de setembro uma reunião internacional do projeto europeu para combater os efeitos adversos da medicação nos mais velhos em Portugal Espanha e França.
A recolha de boas práticas pelo projeto Stop-IATRO, que tem como objetivo prevenir a iatrogenia, nomeadamente efeitos adversos da medicação nos mais velhos em Portugal, Espanha e França, vai ficar concluída até ao final de 2024. Este projeto em que participa o Instituto Politécnico da Guarda – IPG vai depois calendarizar as ações nos três países ao longo do ano de 2025 com vista a prevenir a dependência medicamentosa dos idosos.
Durante a reunião das entidades parceiras, que decorreu no dia 26 em Aveiro e no dia 27 na Guarda, foram analisadas estratégias de inteligência coletiva e partilhada experiência dos parceiros em projetos de intervenção com profissionais de saúde e com a população. Ficou definido que, no final do ano, será apresentado em cada território um relatório com as boas práticas e as barreiras à implementação de estratégias para prevenir a dependência em doentes idosos, identificada em cada região. No Politécnico da Guarda foram apresentados dois grupos de trabalho, sendo que um deles terá responsabilidades na formação de profissionais de saúde para a prevenção da iatrogenia associada aos cuidados de saúde e da iatrogenia medicamentosa e também para a otimização da medicação em doentes idosos. O segundo grupo de trabalho será responsável por implementar ações-piloto para prevenir iatrogenia associada aos cuidados de saúde e à medicação, tanto nos serviços hospitalares como em regime ambulatório.
Na véspera, em Aveiro, foram concebidos workshops, baseados em métodos de inteligência coletiva – focus groups – com o objetivo de identificar estratégias capazes de melhorar os cuidados continuados aos pacientes idosos. Foram igualmente definidas as ações-piloto que em 2025 irão ser testadas na população mais velha.
O “Stop-IATRO – Start Therapeutic OPtimisazion and IATRogenesis prevention on Older People” é um projeto europeu para prevenir os efeitos negativos da medicação – a iatrogenia medicamentosa – na população mais velha. Com financiamento europeu de 1,7 milhões de euros, depois de identificar boas práticas utilizadas em Portugal, Espanha e França, o projeto irá analisar com os profissionais de saúde os potenciais riscos associados aos cuidados de saúde e, em seguida, elaborar recomendações para melhorar a qualidade de vida da população idosa e prevenir a sua perda de autonomia.
Este projeto é liderado pelo Centro Hospitalar Universitário de Toulouse, que em França conta também com o Centro Hospitalar Universitário de Limoges. Em Portugal, para além do Politécnico da Guarda, participa a Universidade de Aveiro. Em Espanha as instituições responsáveis são a Fundação Saúde Envelhecimento da Universidade Autónoma de Barcelona e o Instituto de Investigação Biomédica de Málaga.
A iniciativa tem em Portugal como parceiros associados a Associação Nacional de Farmácias, a Sociedade Portuguesa de Farmacêuticos de Cuidados de Saúde Primários, a Sociedade Portuguesa de Geriatria e Gerontologia – bem como as Unidades Locais de Saúde (ULS) da Guarda e da região de Aveiro.
“Este projeto para combater a iatrogenia medicamentosa tem quatro fases, todas articuladas com os profissionais de saúde das regiões de cada uma das instituições académicas envolvidas”, afirma Fátima Roque, investigadora do laboratório de epidemiologia e saúde populacional da Escola Superior de Saúde do IPG e coordenadora deste projeto no IPG. “A 1ª Fase será concluída no final deste ano com identificação de boas práticas: de seguida será aplicado um questionário a médicos, enfermeiros e farmacêuticos, nas regiões onde o projeto está a ser desenvolvido, para que as boas práticas possam ser partilhadas entre os profissionais dos diferentes países”.
A otimização no uso de medicamentos em idosos é um grande desafio para os profissionais de saúde, uma vez que, durante o envelhecimento, ocorrem importantes modificações fisiológicas que os tornam mais propensos a reações adversas aos medicamentos, as quais podem conduzir ao agravamento das suas condições clínicas. Esse agravamento conduz por vezes ao aumento de hospitalizações e também a situações de dependência, com clara diminuição da qualidade de vida dos idosos.