O “Beat na Montanha”, que alia a inclusão social ao estímulo criativo na área da música e da escrita, desenvolveu uma residência artística com crianças e jovens entre os seis e os dezasseis anos da Aldeia SOS e do Centro Escolar de Gonçalo, no concelho da Guarda, que terminou com um espetáculo apresentado em junho de 2023.
O documentário que vai ser exibido no Teatro Municipal da Guarda (TMG) retrata o processo de aprendizagem e a ligação dos participantes na residência e o envolvimento com a comunidade da vila de Gonçalo, explicou à agência Lusa Luís Sequeira (B. Riddim), mentor do projeto organizado em conjunto com os serviços educativos do TMG.
O objetivo do trabalho é mostrar o processo de crescimento a nível musical e a nível da escrita, e a ligação criada entre as crianças e jovens.
“Eles não se conheciam. Estiveram a trabalhar isoladamente até que organizámos um piquenique na zona dos Passadiços. Conheceram-se e criaram uma sinergia diferente para trabalhar”, descreveu Luís Sequeira.
O documentário foi realizado por Fabiana Tavares, que, ao ficar “apaixonada” pelo projeto e pelo seu conceito, quis registar e “dar voz” aos participantes na residência.
“É um retrato desse processo, logicamente com a minha visão e a minha própria experiência”, salientou a realizadora.
O trabalho retrata a interligação dos participantes, mas também o envolvimento da comunidade local de Gonçalo através da arte da cestaria, característica daquela localidade.
Fabiana Tavares destacou que o “Beat na Montanha” demonstra bem o poder transformador da arte, e em especial da música, na união para as pessoas.
“Neste caso, a forma como os miúdos se conseguiram unir e trabalhar juntos apesar das diferenças de idade”, realçou.
A realizadora acompanhou o projeto durante dois meses e disse que espera contribuir para “inspirar outras pessoas a fazer trabalhos inclusivos para a comunidade”.
“O documentário é para dar voz. O foco é passar uma mensagem para que se sinta quão bonito e gratificantes podem ser estes projetos”, sustentou a realizadora.
A autora do documentário apontou que o “Beat na Montanha” se pode descrever em palavras como “beleza, amor, união, amizade, esforço e dedicação”.
O projeto “Beat na Montanha” vai prosseguir com uma segunda temporada, agora envolvendo reclusas e reclusos do Estabelecimento Prisional da Guarda.
Luís Sequeira revelou à Lusa que o projeto vai envolver André Neves (Maze), músico rapper e produtor dos Dealema, que vai trabalhar a componente da escrita.
A nova edição vai arrancar em abril e deverá prolongar-se até setembro, altura em que terá lugar a apresentação de um espetáculo no TMG.
O mentor do “Beat na Montanha” considerou que esta nova temporada terá uma intensidade diferente, porque vai envolver pessoas com vivências diversificadas.
Luís Sequeira realçou que os participantes são pessoas “com muitas coisas para contar, com emoções e sensibilidades distintas” e que será “uma forma bonita de saber mais sobre quem está ali fechado”.
A entrada é gratuita, mediante levantamento do bilhete na bilheteira.