A ministra do Trabalho considerou ontem que um dos fatores mais críticos do país e dos territórios de baixa densidade é “a falta de pessoas para trabalhar”, apelando a pactos, nomeadamente com as autarquias, para atrair trabalhadores.
“Neste momento, diria, um dos fatores mais críticos que nós temos em todo o país, mas nos territórios de baixa densidade com ainda maior acuidade e maior problema, (…) é a falta de recursos humanos e a falta de pessoas para trabalhar”, disse Ana Mendes Godinho.
A ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social falava durante o almoço com empresários “Dar Voz às Pessoas”, realizado pela Associação Empresarial NERGA numa unidade hoteleira da cidade da Guarda.
Segundo a titular da pasta do Trabalho, o país regista atualmente uma baixa de desemprego que origina um problema “crítico” do ponto de vista do futuro coletivo “que é a evolução da pirâmide demográfica” e a evolução da taxa de desemprego.
Para ultrapassar a falta de mão de obra, a governante refere que o país precisa de “atrair e reter talento” e de captar novas pessoas do litoral ou de outros países para os territórios de baixa densidade.
No seu discurso propôs a criação de um pacto com as autarquias, “para criar programas focados de pacotes combinados para atração de trabalhadores”.
“Seja trabalhadores que venham de qualquer sítio do país, seja de trabalhadores que venham do estrangeiro. É isto que nós precisamos. E um pacto combinado que inclua alojamento, habitação, que inclua creche, que inclua programas de incentivo às empresas e que inclua programas de incentivo aos trabalhadores. Isto tem que ser um pacto entre todos e com as empresas”, explicou Ana Mendes Godinho aos empresários e autarcas presentes.
A ministra informou, ainda, que está a articular com o Governo de Cabo Verde a criação de um programa para expor naquele país “a oferta e as necessidades de trabalhadores que Portugal tem”.
A ideia é organizar, pela primeira vez, em Cabo Verde, uma Feira de Emprego de Portugal, em setembro.
Explicou que o objetivo é “levar as associações empresariais com a identificação das oportunidades de emprego” existentes nos seus territórios para, de uma forma organizada, Portugal ser promovido de forma conjunta.
Na sessão, o presidente da direção da Associação Empresarial NERGA, Orlando Faísca, defendeu a necessidade de ser criada “uma vantagem competitiva para a região”.
Para tal, propõe a redução dos custos de contexto e laborais, pede “mais investimento e inovação”, a redução da carga fiscal das pessoas e das empresas e “uma saúde e um ensino de qualidade”.
“Só assim iremos conseguir atrair mais pessoas e empresas para a nossa região”, disse.
O presidente da Câmara Municipal da Guarda, Sérgio Costa, referiu que a qualidade de vida do território “pode vir a ser um trunfo na atração de trabalhadores qualificados, bastando para isso o reconhecimento pelo Estado central de que deve investir em melhores serviços de saúde e em melhores serviços de educação”.
O autarca deixou o desafio para que, nos territórios do interior, a carga fiscal sobre o trabalho avaliada pelo IRS e contribuições sociais de empregados e empregadores, em proporção do custo do trabalho, seja tratada “de forma diferente”.
Na sua opinião, o interior do país “deve ter uma discriminação positiva na carga fiscal do trabalho, facilitando a contratação de trabalhadores qualificados por parte das empresas”.
“Esta competitividade fiscal dos territórios de baixa densidade permitirá a retenção de talento e o posterior crescimento das nossas empresas”, concluiu.