A Associação Distrital dos Agricultores da Guarda (ADAG) disse que o aumento do preço dos combustíveis vai “encarecer os fatores de produção” e contribuir para a diminuição das áreas de cultivo na região.
A presidente da ADAG, Sandrina Monteiro, disse que a associação está “bastante preocupada com o futuro da produção nacional”, porque o aumento do preço dos combustíveis “vai implicar um aumento de custos na produção”.
“Há muitos agricultores que não vão conseguir fazer face aos custos do aumento do combustível e vai haver, se calhar, uma diminuição na produção, porque o dinheiro não estica e, ou o gastam na parte dos combustíveis ou depois o vão gastar na parte da adubação das terras”, apontou, referindo que nesta altura do ano os agricultores locais têm custos acrescidos com a preparação dos terrenos e com as sementeiras da época.
Segundo a dirigente, os aumentos nos preços dos combustíveis “vão também encarecer os fatores de produção, os adubos e os transportes, e os produtos agrícolas vão chegar mais caros ao consumidor”.
A direção da ADAG tem recebido preocupações de vários associados que “vão ter que fazer mais contas à vida”, porque “ou o gastam [o dinheiro] num sítio ou noutro”.
“O grande problema que nós temos, e que sempre tivemos, é o escoamento dos produtos e, agora, ainda vai ser mais difícil escoá-los a um preço que seja justo para a produção”, vincou.
Sandrina Monteiro diz que o abandono da atividade agrícola “é sempre um risco”, sobretudo por parte das explorações mais pequenas, “porque não conseguem fazer face aos prejuízos que têm nos fatores de produção”.
A redução das áreas de cultivo e da produção animal serão outras das consequências do aumento dos combustíveis, na opinião da presidente da ADAG.
“A nível da produção animal, se calhar, vão ter que reduzir efetivos, porque o aumento dos combustíveis vai fazer com que haja um aumento do preço dos cereais, que, por sua vez, vai fazer com que haja um aumento das rações”, alerta.
A responsável considerou que o aumento dos combustíveis “devia ser muito ponderado, tanto na agricultura, como de um modo geral” e, no caso dos agricultores, que têm acesso ao gasóleo verde, “devia haver uma maior ajuda” do Estado.
“Depois, devia de haver uma ajuda na parte da comercialização, porque se o agricultor souber que consegue escoar o seu produto e a um preço justo, mesmo que tenha mais gastos, vai ser incentivado a produzir. Se o agricultor não conseguir vender a sua produção, com o aumento dos combustíveis, vai desistir de produzir e, provavelmente, vai haver aumentos de áreas agrícolas abandonadas”, referiu.
Sandrina Monteiro também defendeu uma política de escoamento de produtos nacionais de âmbito regional que contemplasse o recurso a outros locais no país ou no estrangeiro só quando “esses produtos agrícolas estivessem esgotados”.
“Se eu não tiver gastos a nível de deslocação dos produtos agrícolas, se calhar [os produtos] teriam um preço mais baixo. E, isso, é um ponto chave para ajudar os fracos poderes económicos dos agricultores, principalmente dos mais pequenos”, afirmou.
A ADAG tem sede na cidade da Guarda e cerca de 1.300 associados em todo o distrito, com maior incidência nos concelhos de Gouveia, Guarda e Pinhel.