O presidente da CVRBI, Rodolfo Queirós, disse à agência Lusa que a produção de jeropiga “poderá ter algum interesse” para a região, na medida em que alguns concelhos são grandes produtores de castanha, mas alertou que terá de existir “essa manifestação de interesse e de vontade” por parte dos associados.
Segundo o responsável, na área da CVRBI, apenas a Adega Cooperativa do Fundão produz jeropiga (um vinho licoroso de mesa) e, “nomeadamente nesta altura do ano, vai vendendo bastante”.
A jeropiga produzida na região é “residual”, porque “não há grande procura” e a sua produção exige determinados aspetos burocráticos que são “um bocadinho complicados” para os produtores, justificou.
Rodolfo Queirós lembrou que cerca de 95% do negócio dos produtores da Beira Interior é de vinhos brancos, tintos ou rosés e, depois, existe “uma pequena percentagem para nichos”.
Assim sendo, apontou que a CVRBI está na disponibilidade de os apoiar, caso alguns tencionem produzir jeropiga que é muito consumida e apreciada nesta época do ano em que se celebra o São Martinho.
“Eu creio que se os produtores assim o entenderem, que fará sentido [produzir jeropiga], até porque seria o complemento de um produto natural que nós cá temos, que é a castanha. E, obviamente, que, se houver alguém que possa fazer um produto certificado aqui na nossa região, creio que é uma mais-valia grande. Agora, é sempre um bocadinho complicado porque exige uma série de critérios, por causa do imposto de consumo e das alfândegas”, admitiu.
Na região da Beira Interior já são produzidos vinhos espumantes e frisantes, situação que corresponde “à evolução do mercado”, o que, na opinião do mesmo responsável, também poderá vir a acontecer com a jeropiga.
“Nós somos uma entidade certificadora, certificamos produto se houver cliente. Se houver vontade dos nossos associados em criar um produto certificado (com denominação de origem), nós estaremos cá para corresponder a essa exigência”, disse o presidente da CVRBI, que tem sede na Guarda, no Solar do Vinho.
A CVRBI abrange as zonas vitivinícolas de Castelo Rodrigo, Pinhel e Cova da Beira, nos distritos de Guarda e de Castelo Branco, que correspondem a uma área de 20 municípios, onde se contabilizam cerca de cinco mil viticultores.
Na área da CVRBI, com perto de 16 mil hectares de vinhas e uma grande variedade de castas (destacando-se as brancas Síria, Arinto e Fonte Cal e as tintas Tinta Roriz, Rufete, Touriga Nacional, Trincadeira e Jaen), existem cerca de 60 produtores de vinho, sendo quatro adegas cooperativas e os restantes produtores particulares.