Na madrugada de domingo, quando os ponteiros marcarem as 2 horas, os portugueses voltam a atrasar uma hora aos seus relógios, um ritual que começou precisamente há mais de cem anos, motivado por poupanças energéticas. Mas ao longo deste século houve exceções à regra e tivemos anos em que o nosso horário ficou alinhado com o resto da Europa.
Estas mudanças, duas vezes por ano, começaram a ser implementadas no século passado para poupar energia e aproveitar a luz do sol. Mas hoje em dia, questiona-se a eficácia da medida, e elevam-se várias vozes para terminar com os diferentes horários.
Na Europa, os países estão divididos. O Parlamento Europeu aprovou a proposta da Comissão Europeia que prevê o fim da mudança de hora em 2021. A medida estava inicialmente prevista para março deste ano, mas perante a oposição de muitos Estados membros, incluindo Portugal, a iniciativa foi adiada dois anos. A decisão, apesar de ter passado no Parlamento Europeu, tem ainda de ser aprovada pelo Conselho Europeu.
A par de Portugal, a Grécia e a Holanda são outros dos países que mostram relutância em acabar com as mudanças. Já Estados-membros como a Finlândia e a Estónia defendem que se deve adotar apenas um horário. Aqui ao lado, em Espanha, o Governo apoiou a proposta da Comissão Europeia. As alterações ao modelo horário são frequentemente discutidas pelos espanhóis depois de Francisco Franco decidir, em 1941, alinhar o fuso com Berlim, em apoio a Hitler.
Aqueles a favor de mudar as horas baseiam-se principalmente no aproveitamento da luz solar, e os seus benefícios. Por outro lado, os efeitos de alterar as rotinas, nomeadamente do sono, na saúde das pessoas, bem como na produtividade, é o que mais preocupa aqueles que são contra as mudanças. O incómodo de ter de ajustar os horários de serviços como os transportes também não abona a favor das mudanças. Já a poupança de energia, que esteve na origem da medida, acaba por ter um impacto residual atualmente, deixando de pesar tanto na decisão.