“Há todo um esforço, nomeadamente das Termas Centro, de uma caracterização aprofundada do potencial terapêutico de cada uma das águas”, disse na passada sexta-feira à agência Lusa o presidente da Faculdade de Ciências da Saúde da UBI, Luís Taborda Barata.
Este responsável é também o coordenador do projeto de investigação clínica em crenoterapia e efeitos da inalação de água sulfurosa termal em pessoas com doenças respiratórias, sobretudo, rinossinusite e asma brônquica.
“Aquilo que acontece é que é preciso lançar mais longe o nome das termas de Portugal, nomeadamente das Termas Centro. Aí é que está o verdadeiro ângulo de relevância. Porquê? Porque apesar de tudo, nós temos de ter noção de que a eficácia clínica [das águas] tem que ser confirmada”, sustentou.
O médico e investigador explicou que têm sido feitos vários estudos: “Aquilo a que nos propomos aqui é um estudo de muito elevada qualidade, com cotação, randomização e controlo com placebo. Isso significa que toda e qualquer alteração que vejamos pode ser atribuída com elevado grau de probabilidade estatística e de certeza ao tratamento em si”.
Este projeto, financiado no âmbito do Provere Termas Centro com cerca de 300 mil euros e que vai ser desenvolvido, pelo menos, ao longo de dois anos, quer ir ainda mais longe.
“Queremos também fazer pela primeira vez e de uma forma muito aprofundada, uma caracterização da relação entre eficácia clínica, estou a referir-me neste caso à abordagem na base respiratória, e as bases imunopatológicas, isto é, se as águas fazem algo e se fazem, como é que isso se processa”, frisou.
Este estudo respiratório é coordenado apenas pela Faculdade de Ciências da Saúde da UBI, mas tem como pilares, não só os investigadores da universidade, mas também o corpo clínico e técnico das termas envolvidas.
“Foi feita uma opção por algumas termas representativas, não só em número de doentes, como também pelas características das águas. Temos de centrar as nossas baterias em certificar alguns conjuntos de águas, mais do que termas”, concluiu.
Já o segundo projeto, que será realizado no Centro de Investigação em Ciências da Saúde da UBI em colaboração com a Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra, pretende caracterizar o potencial bioativo dos recursos termais da região Centro.
O estudo, coordenado pela docente da UBI Ana Palmeira de Oliveira e pela docente da Universidade de Coimbra Maria Teresa Rosete é financiado no âmbito do Provere Termas Centro, decorre durante dois anos e o investimento ronda os 300 mil euros.
“Há uma história relacionada com as termas sobre o potencial bioativo das águas em complicações dermatológicas e há poucos dados científicos que comprovem e que evidenciem esta atividade. Este projeto serve para isso, para demonstrarmos de entre as águas da região Centro quais são aquelas que têm maior potencial para serem utilizadas para este benefício, trazendo para a aplicação tradicional um conhecimento científico que estava em falta”, explicou Ana Palmeira.
Depois da investigação feita, todo este conhecimento pode ser aplicado pelas termas da região Centro que forem identificadas como aquelas que tem melhor potencial para aplicação tópica na pele.
“Poderão as termas decidir valorizar este recurso por via do desenvolvimento de produtos que podem ser simplesmente cosméticos ou dispositivos médicos. Podem valorizar este recurso e individualizar, ou seja, cada água da região Centro vai ser tratada individualmente e vai permitir ter um mapa de quais as termas que terão melhor perfil para esta aplicação”, concluiu.
No fundo, o estudo vai individualizar e valorizar as águas na sua aplicação tópica, sendo que as 22 termas da região Centro vão ser tratadas individualmente.