“[A nidificação] é uma novidade”, saudou o biólogo José Pereira, assinalando que a norte do rio Douro havia registos de avistamentos, mas não de nidificação, do abutre-preto (Aegypius monachus) – ave necrófaga com uma envergadura de asas que poderá chegar até aos três metros de comprimento.
José Pereira disse que “os últimos avistamentos abutre-preto no Douro Superior ocorreram na década de 70 do século passado.
Recentemente, um casal da espécie abutre-preto fixou-se no Douro e Internacional e, agora, “tem vindo a procriar, havendo mesmo um novo registo de um juvenil em condições de voo”, indicou o investigador.
A este facto não será estranho o facto de a Palombar – Associação de Conservação da Natureza e do Património Rural, sediada no Planalto Mirandês, ter vindo a desenvolver e a gerir campos de alimentação de abrutes em áreas como a Zona de Proteção Especial dos Rios Sabor e Maçãs e em toda sua extensão do Parque Natural do Douro Internacional, no âmbito do projeto “Life Rupis”.
“De momento, estão ser reativados cerca de uma dezena destes alimentadores nestas áreas protegidas, com o objetivo de aumentar o número de espécie de aves necrófagas”.
Os técnicos da Palombar fazem uma monitorização constante destes campos de alimentadores, garantindo que há meia dúzia de abutres-pretos que são avistados de “forma regular”.
Este tipo de ave de rapina faz os seus ninhos em cima e árvores de grande porte, ao contrario dos seus familiares como o abutre do Egito ou a águia de Bonelli, que preferem as escarpas de terrenos muito acidentados e com grande declive.
Para os cientistas, o território do Douro Internacional é considerado um dos maiores santuários da Europa de aves rupícola e necrófagas, onde nidificam para além de outras, a águia de Bonelli, abutre do Egito, milhafre real, cegonha preta ou mocho de orelhas.