O presidente da autarquia do Sabugal, António Robalo, disse à agência Lusa que o projeto ocupa o edifício da antiga Casa do Castelo, que fechou em setembro de 2013 e o município adquiriu por 120 mil euros.
“Por um lado, vamos aproveitar o espólio existente, resultado de pesquisas e de trabalhos desenvolvidos ao longo de muitos anos pelo nosso Gabinete de Arqueologia, e, por outro, vamos aproveitar um espaço num lugar de referência, nobre, que é junto ao castelo de cinco quinas do Sabugal, onde, nos últimos anos, na memória mais recente, se desenvolveu um projeto da Casa do Castelo que teve uma visibilidade enorme”, justificou.
Segundo António Robalo, o anterior projeto constituiu um “centro de muita visitação”, o que permitiu que a autarquia equacionasse a possibilidade de desenvolver no mesmo espaço um projeto relacionado com a temática do património judaico.
A Casa da História Judaica da Raia Sabugalense, que deverá abrir na segunda quinzena do mês de fevereiro, vem juntar-se ao castelo e ao museu municipal, dois espaços que atraem muitos turistas para aquele concelho localizado junto da fronteira com Espanha.
“O facto de termos no centro [Casa da História Judaica da Raia Sabugalense] uma referenciação aos achados, à sua localização, às suas características, ao seu histórico no concelho, poderá chamar, atrair, os visitantes e levá-los e conduzi-los a que efetivamente se desloquem ao local para que já, portanto, em real, poderem usufruir desses elementos representativos das vivências sefarditas no Sabugal”, afirmou.
Nas obras de adaptação do edifício às novas funções o município do Sabugal investiu mais de 50 mil euros, mas a intervenção foi financiada no âmbito da Rede de Judiarias de Portugal, pelo EEA Grants, um mecanismo financeiro do Espaço Económico Europeu (EEA) através do qual a Noruega, Islândia e o Liechtenstein financiam diversas áreas prioritárias de ação junto dos países beneficiários do Fundo de Coesão da União Europeia.
A autarquia reconhece que “os trabalhos de musealização” do edifício, onde existe um armário judaico [“aron ha codesh”, que significa armário da lei], possivelmente datado do século XIV, afirmarão o espaço “como de testemunho da memória da presença judaica no concelho”.
O município também acredita que o projeto da Casa da História Judaica da Raia Sabugalense, para além de complementar a oferta turística do concelho, permitirá “salvaguardar a memória do espaço” que funcionou como Casa do Castelo, entre 2007 e 2013, por iniciativa de particulares, com as valências de espaço museológico, restaurante, posto de venda de artesanato e de produtos regionais.