Suspeito de homicídios em Aguiar da Beira e Trump dominam conversas na Guarda

As conversas na cidade da Guarda são hoje dominadas pela detenção do suspeito do duplo homicídio em Aguiar da Beira, Pedro Dias, e pela vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais nos Estados Unidos da América (EUA).

Os dois temas do dia são conversa obrigatória em cafés, estabelecimentos comerciais e nas ruas da cidade mais alta do país, como constatou a agência Lusa durante a manhã de hoje.

O que quebra a rotina na Guarda é a presença de jornalistas e de várias câmaras de televisão em frente do Estabelecimento Prisional, para onde Pedro Dias foi transportado pelas 03:00, depois de ter passado pelas instalações da Polícia Judiciária (PJ).

Pedro Dias entregou-se na terça-feira à noite às autoridades e, em direto na RTP, foi visível estar algemado e a entrar num carro da polícia, que o transportou para as instalações da PJ da Guarda.

Nas proximidades do Tribunal, onde o suspeito do duplo homicídio será presente nas próximas horas para primeiro interrogatório judicial e aplicação de eventuais medidas de coação, reina a normalidade.

Jorge Ferreira, proprietário do “Café Município”, disse à Lusa que hoje os clientes apenas falam do detido e do resultado das eleições nos EUA.

“O que dizem é que ele [Pedro Dias] está a querer passar por inocente e não é nada disso, que receava ter a vida em risco e [a detenção] foi uma montagem que fez para não se entregar à GNR. Sobre o outro [Donald Trump], dizem que a vitória foi uma surpresa e que é uma pessoa que irá por o mundo em guerra”, relatou.

No café “Boutique do Pão”, o casal Manuel e Fátima Figueiredo confirmam que ambas as situações são os assuntos do dia.

“As pessoas comentam que o outro [Pedro Dias] se entregou e falam da vitória do [Donald] Trump nos EUA”, disse Manuel Figueiredo. A esposa acrescentou, em verso: “Dizem que uma mãe para ter um filho/tem muita dor/o presidente para ganhar na América/foi preciso ser muito enganador”.

Em relação ao autor dos alegados homicídios de Aguiar da Beira, Fátima Figueiredo ouviu dizer no estabelecimento “que esteve este tempo todo [fugido] e andou a estudar tudo o que devia fazer e dizer”.

O proprietário de a “Tasquinha”, Firmino Bidarra, contou que “ainda ninguém falou do assunto” da detenção de Pedro Dias, porque “passou-se longe”, e, quanto às eleições nos EUA, alguns clientes já comentaram “que gostavam mais que ganhasse a senhora [Hillary Clinton]”.

Numa loja de artigos para a agricultura, localizada no centro da Guarda, o funcionário Diamantino Cunha comentou a detenção de Pedro Dias, dizendo que nestas situações “pobre de quem foi para debaixo da terra”.

“O que ele fez não se fazia a ninguém”, observou a colega Maria Augusta, que clamava por justiça.

Manuel Branquinho, de 80 anos, morador na aldeia de Meios, que hoje se deslocou à cidade para fazer compras, disse à Lusa que ouviu “no rádio do autocarro que ele [Pedro Dias] está preso aqui na Guarda”.

O homem não se alargou em mais comentários sobre o tema, alegando que está “mais preocupado” com a sua vida. Quanto ao resultado das eleições nos EUA, disse desconhecer a vitória de Donald Trump, mas aceita-a, citando o ditado popular que diz que “primeiro confessam-se os homens”.


Conteúdo Recomendado