A obra foi interpretada no Auditório Moses E. Gindi da American Jewish University de Los Angeles e o seu compositor revelou ao Los Angeles Times que “não estava a escrever uma ópera de conto de fadas. Escrevi uma ópera sobre factos reais, por isso, quis ser o mais rigoroso possível”, afirmou, aludindo ao fim trágico de vida do cônsul: na pobreza e vendo Salazar a tentar ocultar a sua acção humanitária o mais possível.
Bruce começou a estudar a vida do cônsul em 2010, como o próprio revela numa declaração ao site da The Sousa Mendes Foundation, com o objetivo de compor um oratório dramático, sendo o nome uma alusão à Circular 14, o documento através do qual o ditador português proíbe a emissão de vistos a permitir a circulação em território nacional de quaisquer pessoas. O compositor revelou ainda que esta obra inclui violoncelo, guitarra portuguesa, guitarra espanhola e piano, descrevendo-a como “ecléctica” e com “evocações da música folk portuguesa”. Chega mesmo a declarar que o cônsul se tornou “um companheiro de armas” e “um mestre”, cuja história “tem de ser gritada a partir dos telhados”.
Neely Bruce conheceu algumas das pessoas salvas graças aos vistos passados por Sousa Mendes.
O papel de Aristides de Sousa Mendes é interpretado pelo tenor da Los Angeles Opera Robert MacNeil, enquanto que o de Angelina, sua primeira esposa, pela soprano Marina Harris. O tenor Ashley Faatoalia encarna o papel de Salazar e o barítono baixo de Nova York Stephan Kirchgraber interpreta o rabi Chaim Hersz Kruger, o homem que inspirou o cônsul a passar o máximo de vistos possível para salvar vidas. O papel falado de César, irmão do cônsul, é interpretado por Michel Gill, actor da série “House of Cards”, que é filho e neto de cidadãos salvos graças à ação de Sousa Mendes.
As receitas de bilheteira desta atuação reverteram na totalidade para a Sousa Mendes Foundation.