“Não digo que os outros países não sejam bons, mas Portugal é o melhor. Digo isso a qualquer chinês que queira investir na Europa”, disse o vice-presidente e presidente executivo (CEO) do Fosun, Liang Xinjun, em inglês, num encontro com jornalistas portugueses na sede do grupo, em Xangai.
Segundo realçou, em Lisboa “é mais fácil estabelecer relações de amizade” e “os custos são mais baixos” do que noutras capitais europeias.
“Já conheço muitas pessoas em Lisboa. Temos mais ou menos a mesma cultura, que é baseada na confiança”, afirmou.
A Fidelidade, comprada ao único banco público português (Caixa Geral de Depósitos), detém cerca de 30% do mercado segurador nacional. Foi um dos maiores investimentos da história do Fosun, no valor de 1.100 de euros.
Através da Fidelidade, onde controla 84,9% do capital, o grupo chinês já comprou também a antiga Espírito Santo Saúde (atual Luz-Saúde), por 460 milhões de euros.
O consórcio chinês tem sido apontado como um dos principais candidatos à compra do Novo Banco, mas Liang Xinjun não confirmou nem desmentiu o alegado interesse no negócio.
Questionado várias vezes sobre o assunto, o CEO do Fosun limitou-se a repetir o que os seus executivos respondem sempre: “Como grupo de investimento, analisamos todas as oportunidades”.
No encontro com os jornalistas portugueses, Liang Xinjun indicou que o seu grupo “está muito interessado em tudo o que diga respeito a cuidados de saúde e a um estilo de vida feliz”.
O setor agroalimentar “poderá ser uma oportunidade”, exemplificou.
Quanto à possibilidade de começar a importar bebidas ou comidas de Portugal, respondeu: “Preferimos investir em empresas”.
John Ma, presidente executivo da holding do Fosun para a área dos cuidados de saúde, também se mostrou satisfeito com a entrada do grupo em Portugal.
“Depois dos Estados Unidos, é o nosso mais importante mercado. Em termos de população, Portugal é pequeno, mas se pensarmos nos países de língua portuguesa, dez milhões transformam-se em 300 milhões”, salientou.
Gestor formado e contratado nos Estados Unidos, John Ma destacou o “espírito empreendedor” da direção da Luz-Saude, liderada por Isabel Vaz, que considerou “muito semelhante ao do Fosun”.
“Como na Fidelidade, mantivemos a liderança existente na Luz-Saude. A nossa estratégia é a continuidade e não a rutura”, precisou.
Desde que a China Three Gorges passou a ser o maior acionista da EDP, em 2012, Portugal tornou-se um dos principais destinos do investimento chinês na Europa, estimando-se em 10.000 milhões de dólares o montante do capital oriundo da China que entretanto entrou na economia portuguesa.
Criado há 23 anos com um investimento de 4.000 dólares, o Fosun é considerado um dos mais lucrativos consórcios privados da China, com um valor de capitalização cerca de cinco milhões de vezes superior ao capital inicial.
O grupo emprega cerca de 100.000 pessoas na China continental e desde 2007 está cotado na Bolsa de Hong Kong.