Preparação da Capeia
A organização de cada Capeia tem início com a nomeação do grupo de Mordomos que será responsável pela sua organização. Essa nomeação é efetuada no final de cada Capeia, que nesse momento designa o grupo de Mordomos responsável pela continuação da prática no ano seguinte. De entre as várias responsabilidades do grupo de Mordomos conta-se também o da angariação dos recursos financeiros destinados à realização da prática, bem como a deslocação a ganadarias para a seleção dos touros e contratação do seu aluguer.
É a utilização de uma estrutura em madeira, o Forcão, com a qual se lida o touro, que diferencia a Capeia das demais formas populares de manifestações tauromáquicas. Em cada comunidade, o Forcão pode ser utilizado nas Capeias em anos sucessivos, normalmente dois ou três. Apesar dos cuidados com a sua preservação, através do seu armazenamento num pavilhão agrícola ou outra estrutura para tal disponível, o Forcão acaba por deteriorar-se e ser substituído por outro.
Quando tal sucede, a preparação de um novo Forcão inicia-se geralmente entre fevereiro e março, com a seleção e abatimento do carvalho que constituirá a sua estrutura, assim como, em certos casos, da madeira de pinho utilizada apenas para a “galha”. Para além dos elementos de fixação – pregos e cordas –, o Forcão é elaborado unicamente com madeira de espécies locais – carvalho e, eventualmente, apenas para a galha, pinho –, e a sua construção é transmitida dos homens mais velhos para os mais novos.
Decorrida a secagem das madeiras, entre junho e julho realiza-se a construção do Forcão, ao longo de algumas horas ao fim de semana. Em cada Capeia está disponível um Forcão, ocasionalmente dois, de modo a substituir rapidamente um na eventualidade de fragilizado ou destruído em função de investidas mais fortes dos touros. Quando são utilizados Forcões construídos em anos anteriores, procede-se sempre à sua retificação, de modo a assegurar a robustez da estrutura. Também o Forcão construído nesse ano é objeto de revisão no próprio dia da Capeia, sendo as “galhas” molhadas com água e retesadas as cordas para assegurar que a estrutura se mantém sólida.
Por tradição, a Capeia Arraiana realiza-se no largo principal de cada povoação, temporariamente vedado para esse efeito, assim constituindo o côrro. Contudo, nas últimas décadas, algumas freguesias criaram recintos fechados usados propositadamente para a Capeia, (é o caso do Ozendo, Rebolosa e Vale de Espinho), e duas freguesias do concelho construíram mesmo praças de touros: Aldeia da Ponte (praça construída pela Associação dos Amigos de Aldeia da Ponte) e Soito (Casa da Juventude, Desporto, Cultura e Lazer do Soito, que inclui, presentemente, uma escola de equitação, um picadeiro e a Praça Municipal de Touros).
Quando realizada no largo da aldeia, o encerramento do recinto inicia-se dois ou três dias antes da Capeia. O côrro é constituído por um círculo, atualmente delimitado por estruturas adquiridas em cada povoação para o efeito, ou ainda utilizando atrelados de tratores e, sempre que possível, utilizando as próprias paredes das casas e currais anexos. Em anexo ao côrro improvisa-se um ou dois currais em que são encerrados os animais.