Mordomos

Sendo uma tradição enraizada na população, a Capeia é realizada todos os anos, sendo organizada pelos Mordomos nomeados no ano anterior, num ritual de passagem por princípio destinado apenas aos rapazes solteiros. Os jovens que são mordomos pela primeira vez passam para o mundo dos adultos. O fim da adolescência é ritualizado pela designação para a mordomia. Por outro lado, desta forma, todos os elementos da comunidade alargada (que inclui os que não residem na povoação) participam da tradição e a ela ficam vinculados com o orgulho de também eles já terem servido a festa e respeitarem os que agora servem, porque eles também já passaram por isso.

Toda a comunidade participa na Capeia, na organização, na logística, na montagem da praça, na feitura das calampeiras (lugares cimeiros que envolvem o côrro onde se realizam as Capeias, nos quais a assistência toma lugar), ou simplesmente para assistir.

A transmissão de todos os conhecimentos é feita exclusivamente pela via oral, quer em contexto informal de sociabilidade, em conversas sobre a tradição, quer em contexto mais formal, de procura de informação por parte dos mais jovens junto dos mais velhos, quanto ao modo como se deve pegar ao Forcão, qual a postura corporal a adotar para que o Forcão faça frente às investidas do touro, como deve ser pedida a praça, ritual variável de freguesia para freguesia, entre outros aspetos. Naturalmente, a observação do desenrolar das próprias Capeias tem um lugar importante na aprendizagem de todas estas componentes da tradição. A aprendizagem do modo de pegar ao Forcão inicia-se desde a infância e a primeira juventude, com a possibilidade de participação em “esperas” de bezerros e vacas.
No caso do “rabicheiro” ou “rabiador”, que orienta e ergue a vara disposta transversalmente sobre a base do Forcão, como se de um leme se tratasse, esse papel é passado dos mais velhos para os mais novos, que adquirem experiência ao seu lado, coadjuvando-o nessa função.