O Forcão
É a utilização de uma estrutura em madeira, o Forcão, com a qual se lida o touro, que diferencia a Capeia das demais formas populares de manifestações tauromáquicas.
«O forcão, instrumento usado nas capeias do Ribacôa para lidar o touro, é um engenho de forma triangular, feito de pesados troncos de carvalho, cortados para o efeito, que terminam em forquilha onde se encaixa a barra frontal, normalmente de madeira de pinho por ser madeira mais leve, que se prolonga para lá dos ângulos cerca de dois metros. As barras laterais são firmemente apoiadas numa trave central, que também termina em forquilha, sendo a outra extremidade prolongada, ultrapassando o vértice com cerca de 60 ou 70 cm, prolongamento a que se pode chamar zona de comando porque é nesse ponto que atuam os dois rabejadores, que são os responsáveis pelo seu manejo. A sua função é portanto conduzir, manobrar o forcão de forma a manter o touro sob domínio, cansá-lo e prepará-lo para ser agarrado no momento próprio, objetivo que nem sempre é conseguido. As medidas do forcão não são uniformes, elas podem variar um pouco de aldeia para aldeia, e de ano para ano, mas o triângulo não se afasta muito do padrão 4,70 x 4,50 x 4,70, o adequado para comportar cerca de 15 ou 16 homens em cada uma das barras laterais. É o comprimento das galhas, e a área da Praça, que determinam o tamanho do forcão. Este rudimentar engenho, que de muito longe vem conservando, invariavelmente, a mesma técnica de construção, não é conhecido em qualquer outra parte do mundo, e as suas raízes – situem-se elas seja em que ponto for da História –estão bem visíveis neste cantinho da raia».
Fonte: PRATA, José, 1999, Marcos do Passado: Aldeia da Ponte, Terra do Ribacôa, Ed. do Autor
Decorrida a secagem das madeiras, entre junho e julho realiza-se a construção do Forcão, ao longo de algumas horas ao fim de semana. Em cada Capeia está disponível um Forcão, ocasionalmente dois, de modo a substituir rapidamente um na eventualidade de fragilizado ou destruído em função de investidas mais fortes dos touros. Quando são utilizados Forcões construídos em anos anteriores, procede-se sempre à sua retificação, de modo a assegurar a robustez da estrutura. Também o Forcão construído nesse ano é objeto de revisão no próprio dia da Capeia, sendo as “galhas” molhadas com água e retesadas as cordas para assegurar que a estrutura se mantém sólida.
Fonte: Câmara Municipal do Sabugal