No histórico do sobe e desce das Bolsas, Setembro é na generalidade um mês para esquecer. As famílias estão descapitalizadas após férias em que se gasta sempre mais do que se tem disponível, as despesas escolares com o início do ano lectivo tornam-se imperiosas e os fundos Institucionais viram-se para as obrigações. Ocorrem mesmo situações de venda de acções, com menos-valias, pelos particulares para refazer fundos de maneio, tão necessários às despesas do dia a dia.
Acresce que no ano corrente, o desemprego atinge os impensáveis 11% e cresceu muito o número de pessoas forçadas a viver de prestações sociais. A economia não cresce, e até a estabilidade política, ou a falta desta, prejudica o clima de investimento (um Governo não pode estar 4 anos a prazo e sem governar efectivamente…). A Espanha, aqui ao lado, sempre se constituiu uma reserva de rendimento quando as coisas por cá estão mal, mas presentemente, o Governo Socialista conta já com 4 milhões de desempregados, pelo que dificilmente o “arranque” da nossa economia virá por intermédio do país vizinho.
Sendo assim, muita gente acaba por diminuir a sua exposição bolsista e por vender, ainda que sem ter recuperado sequer o investimento. Nós bem sabemos que há acções verdadeiramente em conta e baratas (veja-se a EDPR, o BCP, o BPI, o BES, o Grupo Sonae, a Portucel, a Inapa, eu sei lá…), mas também sabemos que se não houver fortes fluxos de investimento estrangeiro – e não há ! – as coisas vão-se arrastar até à Primavera, pelo menos. Sobretudo porque também os bancos e outros grandes investidores se estão a concentrar mais nas obrigações do que nas acções (com excepção para os mercados emergentes onde o forte crescimento das respectivas economias puxa pelas acções de modo relevante).
Deste modo, a opção é sua (como sempre): aproveitar os baixos preços das acções de empresas que quer ter em carteira, ou esperar por Fevereiro, e só aí tomar as decisões, correndo, porventura, menos riscos. Claro que pode sempre fazer o que se impõe nos momentos de decidir: ponderar, reflectir, informar-se e arriscar, provavelmente com diminuição dos seus investimentos em acções, por ora, e muita atenção ao mercado, ao qual pode querer voltar a cada passo.
Já agora, esta reflexão: quando o Governo aumentou a taxa de IVA de 19 para 21%, arrecadou menos imposto; será que com o aumento da taxa sobre as mais-valias bolsistas em 100% (de 10 para 20%), também vai arrecadar menos tributos por não haver lucros para tributar?! Sempre ao contrário…