Cães de gado em rebanhos diminuem predação causada por lobos

A bióloga e investigadora do Grupo Lobo Sílvia Ribeiro disse hoje à agência Lusa que a introdução de cães de gado para proteger os rebanhos tem demonstrado que a predação causada por lobos tem diminuído ou sido eliminada.

Os cães de gado têm sido introduzidos na proteção de rebanhos no âmbito do projeto “LIFE MedWolf – Boas Práticas para a Conservação do Lobo em regiões Mediterrânicas”, que em Portugal se desenvolve nos distritos da Guarda e de Castelo Branco, e cujo objetivo é diminuir o conflito entre a presença do lobo e as atividades humanas.

“Durante o ano passado, colocámos cerca de 20 cães e o projeto tem estado a funcionar bem. Nos rebanhos onde estão tem diminuído ou sido eliminada completamente a predação, sabendo também que em rebanhos vizinhos essa predação continua”, afirmou Sílvia Ribeiro.

Esta responsável falava à margem de uma reunião em Castelo Branco, que juntou especialistas que debateram especialmente a temática dos cães de gado que protegem os rebanhos.

A bióloga explicou que antes de se iniciar a introdução dos cães de gado foi feito um levantamento de toda a área, entre Castelo Branco e a Guarda, e identificados os locais onde os criadores de gado apresentavam mais prejuízos atribuídos ao lobo.

“Fizemos reuniões com os criadores e começámos a integrar os cães nos concelhos de Almeida, Pinhel e Sabugal. É uma zona com algum conflito, que tem vindo a reduzir com a diminuição dos prejuízos”, disse.

A ideia passa por expandir este projeto dos cães de gado às zonas onde há mais prejuízos atribuídos ao lobo naquela região e depois que os próprios criadores de gado, entre eles, façam a expansão dos cães no território.

“O objetivo não é estarmos sempre aqui. Eles próprios [criadores de gado] irão ter as suas ninhadas [de cães] e vão vendendo ou dando a outras pessoas que precisem”, sublinhou.

Sobre a reunião em Castelo Branco, a responsável do Grupo Lobo explicou que a ideia passa pela criação de uma rede de especialistas, a nível europeu, para que possam partilhar este tipo de experiências, evoluir e aumentar a eficácia da utilização dos cães e dar resposta aos problemas que surgem.

“O lobo desapareceu e as pessoas deixaram de ter pastores e deixaram de confinar o gado. Temos que adaptar um pouco estas metodologias e a utilização dos cães a este tipo de pastoreio. Já demonstrámos que é possível”, concluiu.


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