“A Europa tem de apostar como nunca na energia eólica e solar para evitar o agravamento da degradação climática”, sublinha em comunicado a associação ambientalista Zero, que integra, juntamente com outras 184 organizações europeias, a CAN Europe.
O objetivo defendido pelos ambientalistas para a Europa é “uma transição energética mais rápida, justa e sustentável para uma energia 100% renovável até 2040”, em todos os setores, incluindo edifícios, indústria e transportes.
Ainda antes desse prazo, pretendem atingir a meta de que “toda a eletricidade seja proveniente de fontes de energia renováveis até 2035”.
“A eletricidade renovável, principalmente a solar e eólica, deve ser a ‘espinha dorsal’ do nosso sistema energético, impulsionando a descarbonização em todos os outros setores”, acrescentam.
A posição da CAN Europe surge a pouco menos de duas semanas do arranque da COP26, que vai decorrer entre 31 de outubro e 12 de novembro e onde se vai procurar por em prática os compromissos do Acordo de Paris, alcançado em 2015, sobre redução de emissões de gases com efeito de estufa.
Em jeito de antecipação do encontro, a coligação insta os governantes europeus a assumirem o compromisso da transição energética, citando o relatório de referência do Painel Intergovernamental sobre Alterações Climáticas (IPCC) que em agosto alertava que o futuro aparenta ser terrível, mas ainda é possível travar a emergência climática.
“A atual crise do gás fóssil que está a incendiar as faturas de energia é mais um lembrete da necessidade urgente de transitar dos combustíveis fósseis para um sistema energético totalmente baseado em energias renováveis”, sublinha o diretor da CAN Europe, citado em comunicado, considerando que não é possível continuar a “suportar os custos ambientais, económicos e sociais dos combustíveis fósseis”.
Para Wendel Trio, “a Europa tem um potencial doméstico largamente inexplorado para as energias renováveis” e, no mesmo sentido, também a coordenadora da campanha de energias renováveis da CAN Europe defende que “esta é a década para concretizar”.
Da parte de Portugal, o presidente da Zero, Francisco Ferreira, sublinha a importância de apoiar projetos com menor impacto ambiental, dando primazia a áreas onde a biodiversidade ou a paisagem não sejam significativamente afetados e utilizando o topo dos edifícios.
“Felizmente, Portugal tem uma grande variedade de fontes de energia renováveis e podemos assegurar um aumento da quota até 100% sob um quadro sustentável”, acrescenta.
A declaração da CAN Europe antecipa também a discussão no Conselho Europeu, em Bruxelas, sobre o aumento dos preços da energia, nos dias 21 e 22 de outubro.