Preços estão a cair há seis meses consecutivos

A queda dos preços agravou-se fortemente em julho. A variação homóloga foi de -0,9% e a taxa de inflação subjacente apresentou também sinal negativo.

A queda dos preços, reiniciada em fevereiro deste ano, agravou-se acentuadamente em julho. A variação homóloga foi de -0,9%, quando havia sido de -0,4% no mês anterior. Trata-se da queda mais acentuada desde outubro de 2009, altura em que os preços caíram quase 1,5% e que coincidiu com a fase mais aguda da recessão económica que foi acompanhada de 20 meses consecutivos de deflação.

De acordo com os números divulgados nesta terça-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), também a taxa de inflação subjacente, que retira as classes de bens cujos preços são mais voláteis (essencialmente alimentos e energia), apresentou sinal negativo em julho, ao cifrar-se em -0,5%, depois de uma variação nula em junho, o que pode ser lido como um sinal de risco acrescido de que se esteja a instalar uma dinâmica mais duradoura de deflação.

As classes que mais contribuíram negativamente para a variação homóloga do índice de preços foram a dos alimentos e bebidas não alcoólicas (-3,1%) e do vestuário e calçado (-7,5%).

Nas classes com contribuições positivas, o INE destaca a das bebidas alcoólicas e tabaco (3,1% em julho, após 2,9% no mês anterior) e a da habitação, água, eletricidade, gás e outros combustíveis (2,2%), de novo “influenciada em grande medida pelo sub-subgrupo das rendas efectivas pagas por inquilinos de residências principais”.

“Para além do efeito pontual da queda dos preços do vestuário e calçado, devido ao início do período de saldos, sobressai a queda muito expressiva dos preços dos bens alimentares, o que contribuiu para que a taxa de inflação de sobrevivência do Millennium BCP caísse para -1,0%, o que corresponde a um aumento real do rendimento das famílias portuguesas, com particular impacto nos salários mais baixos”, analisa o departamento de estudos económicos do BCP numa primeira reacção aos números do INE.

Na Zona Euro, dois outros países ainda sob regaste – Grécia e Chipre – têm apresentado igualmente sucessivas variações homólogas negativas dos preços, com quedas na ordem de 1%. Também na Holanda os preços estão em retração, mas numa amplitude residual. Em Itália, números oficiais divulgados também nesta terça-feira apontam para uma variação homóloga nula dos preços e para uma queda mensal de 2,1% entre junho e julho.

Os dados mais recentes do Eurostat sugerem que a taxa de inflação média na Zona Euro se tenha cifrado em 0,4% em julho, aquém dos 0,5% registados no mês anterior e bem aquém da fasquia “próxima mas abaixo de 2%” em torno da qual o Banco Central Europeu (BCE) considera cumprida a sua primeira missão de assegurar a estabilidade dos preços.

 


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