A ministra de Estado e das Finanças admitiu ontem que não haverá margem para baixar impostos em 2015 para as famílias. Maria Luís Albuquerque reconheceu que politicamente todos gostariam de baixar impostos, mas avisou que é preciso “ser responsável”. Os impostos que importa baixar, disse, são os das empresas para estimular o emprego, uma ideia que contraria a estratégia do CDS, de querer uma descida de IRS no próximo ano.
Numa intervenção de duas horas na Universidade de Verão do PSD, em Castelo de Vide, a titular da pasta das Finanças apontou, pois, baterias a favor da baixa de IRC para as empresas, acordada no Governo, porque a descida de IRS não garante o estímulo à economia.
” Não temos objeções ao aumento do consumo. Acontece que, o aumento do consumo, pelas características do consumo, não é motor que chegue”, declarou, deixando, contudo, claro que “a recessão já passou”. Dentro da coligação governamental este discurso é visto como um sinal claro de que o Orçamento de 2015 não contemplará mexidas em matéria de IRS. A única novidade pode ser a majoração fiscal para casais com dois filhos ou mais.
Ontem, Maria Luís Albuquerque assumiu que confia nos números, porque o seu Orçamento é transparente. Mas, desafiou os partidos para um amplo debate na Assembleia da República sobre a dívida. Quanto ao crescimento económico, a ministra de Estado e das Finanças acredita que ele chegará, só não sabe quando.
Sobre a proposta irlandesa de antecipar o pagamento das primeiras tranches da dívida ao FMI, respeitantes ao plano de ajuda externa, a ministra confessou tratar-se de uma “opção de valor”, mas sem se comprometer a seguir o exemplo porque essa solução poderia levar os outros credores a reclamar igual tratamento.