Mais de 30 confrarias participaram na Confraria da Capeia

Capeia Confraria2025

No passado domingo, dia 30 de março, a Confraria dos Amigos da Capeia Arraiana (CACA) celebrou o segundo capítulo geral de entronização. O evento decorreu nas Terras do Forcão, concretamente em Alfaiates e Aldeia Velha.

A iniciativa teve início pelas 09h00, com receção no castelo de Alfaiates, onde os confrades de mais de três dezenas de confrarias, oriundas de diversas zonas do país, do Algarve ao Minho, dos Açores à Madeira e até uma confraria belga, puderam degustar o sabores da Raia e apreciar o património recuperado do castelo e as magníficas vistas desde o miradouro da torre mais alta. Após o convívio inicial, sucedeu-se o desfile das confrarias pelas ruas de Alfaiates, pela Rua do Castelo, Praça Rainha Santa Isabel (Igreja da Misericórdia e Pelourinho), regressando pela Rua Direita em direção ao mural do Touro Raiano, do designer Nuno Miles, onde se realizou a foto de família dos cerca de 250 participantes. O desfile foi acompanhado pela Fanfarra Nem Fá Nem Fum, a qual também recebeu os participantes no Castelo de Alfaiates e à chagada ao Raia Arena.

Realizado o registo fotográfico, a comitiva dirigiu-se para o Santuário de Sacaparte, onde decorreu a cerimónia oficial de entronização, dos diversos confrades: Mestre, Honorários e de Honra e Devoção.

Cerimónia no Santuário de Sacaparte
Os mestres de cerimónias, Norberto Pedro e Cecília Sanches, deram início à cerimónia,
passando a palavra ao Grão-Mestre, João Manuel Silva, que deu as boas-vindas a todos os
presentes, agradecendo a presença da Vice-presidente da Câmara Municipal do Sabugal, Sílvia
Nabais.

Na sua intervenção o Chanceler António Pissarra, referiu o papel da confraria na preservação da tradição e as diferentes iniciativas, como o Bosque do Forcão, já instalado em Aldeia Velha e a instalar nas restantes 12 Terras do Forcão, a Cápsula do Tempo, a instalar no mês de agosto, e a cedência, por doação, de um edi_cio `pico da Beira Alta, para funcionar como Casa Museu da Capeia Arraiana e sede da confraria.

Na sua intervenção, a Vice-presidente da Câmara Municipal do Sabugal, Sílvia Nabais, salientou a importância da Capeia Arraiana nas dinâmicas do território e o papel que o município tem desenvolvido na sua certificação como Património Cultural Imaterial, alargado no último processo de classificação a
mais duas localidades, Quadrazais e Vale de Espinho, sinal que a tradição está viva.

Por manifesta impossibilidade de última hora não foi possível a presença do Secretário
de Estado do Turismo, Pedro Machado, que enviou a sua intervenção sob a forma de vídeo,
destacando a sua mágoa pela ausência _sica, mas presente de coração, afirmando que tão breve
quanto possível e de acordo com as agendas mútuas marcará presença nas Terras do Forcão.

Oração de Sapiência – Em agosto capeias a gosto
Após as intervenções iniciais seguiu-se a Oração de Sapiência por Norberto Manso, natural do Soito, coordenador do processo de Inventariação da Capeia Arraiana, registada no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial, em Novembro de 2011, e que em 2021 procedeu à Revisão do Registo da mesma, tendo sido validada a revisão em Fevereiro de 2025. A sua alocução foi subordinada ao tema “Em agosto, capeias a gosto”, na qual referiu a identidade da Capeia Arraiana, destacando que é muito mais que a lide com o forcão.

Entronizações e homenagens
Seguiu-se a bênção das insígnias pelo Pároco de Alfaiates, Américo Barroca, referindo que a bênção não era para as peças protocolares, mas para as pessoas que as vão usar. Após este ato procedeu-se à entronização dos confrades, tendo sido lido coletivamente, devido ao elevado número, o juramento, tendo sido chamados por ordem alfabética, para receber as insígnias e o respetivo diploma e assinar o Livro de Honra. Procedeu-se, seguidamente, à entronização da Junta de Freguesia dos Fóios como
Confrade de Honra e Devoção, juntando-se às Freguesias de Aldeia do Bispo, Aldeia Velha,
Rebolosa e Vale de Espinho. Foram, depois, distinguidos, como Confrades Honorários Cavaleiros, o jornalista Jorge Esteves, a deputada Dulcineia Catarina Moura e o Secretário de Estado do Turismo, Pedro
Machado. O título do Cavaleiro consiste numa distinção de honra, conferida aos que se distinguem de forma relevante pela sua dedicação e serviço na divulgação dos valores da Raia e da Capeia Arraiana. O Chanceler informou a Assembleia das razões que consubstanciaram as respetivas distinções. Seguidamente foram realizadas duas homenagens a outros tantos mestres/arquitetos do forcão, ainda no ativo: Ti João Mostajo e Ti Domingos de Vale de Espinho, o primeiro com 89 anos e o segundo que completa a 25 de agosto, deste ano, dia da capeia de Aldeia Velha, 90 anos, tendo sido apresentados os percursos dos dois homenageados na arte da construção de algumas centenas de forcões. Finalmente foram realizadas duas homenagens a título póstumo a duas figuras da tauromaquia, das capeias e dos encerros: Manuel André Jorge, “Manecas” Jorge, cavaleiro tauromáquico, ligado também aos encerros e Conrado Abad Gullón, “El Maño”, o Eterno MaleUlla, figura muito querida em toda a raia sabugalense. Também em relação a estas duas homenagens foi apresentada um sumula dos respeUvos percursos. A família de Manuel Jorge fez-se representar em massa, tendo recebido o respetivo diploma de homenagem a sua viúva e um dos seus netos. A cerimónia terminou com a recitação, por parte do Chanceler, do poema de Paco de Lucia “El maleUlla y la luna”, dedicado a Conrado Abad, El Maño.

Devido ao adiantado da hora a comitiva dirigiu-se diretamente para o Raia Arena, onde
foi servido o almoço da capeia, pela Casa da Esquila, tendo sido considerado inaugurado o
previamente instalado Bosque do Forcão, em Aldeia Velha, junto às esculturas do touro e do
cavaleiro.

O almoço das 34 confrarias presentes foi abrilhantado pela atuação do Grupo Musical Trivenção.

No final procedeu-se à troca de lembranças entre a confraria anfitriã e as confrarias
presentes, tendo a Confraria da Capeia oferecido, entre outras lembranças, um exemplar do
forcão e a obra Cozinha Tradicional Transcudana, de Felismina Rito.


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