Incêndios: PAN defende que preservação dos ecossistemas da serra da Estrela seja rentável

Inês Sousa Real destacou que a principal preocupação que lhe foi transmitida tem que ver com a urgência de se adotarem medidas de contenção dos solos para evitar a contaminação das linhas de água.

O partido Pessoas Animais e Natureza (PAN) pediu ontem, 31 de agosto, ao Governo para adotar medidas de compensação financeira para os proprietários que ajudam a preservar os ecossistemas naturais da serra da Estrela por manterem a aposta na floresta autóctone.


“Temos de começar a pagar aos proprietários pelo serviço de ecossistemas que estão a prestar à comunidade. O oxigénio que nós respiramos, a retenção de carbono é absolutamente fundamental no combate às alterações climáticas, para além da componente que este património tem, do ponto de vista turístico, para a região”, disse à agência Lusa Inês Sousa Real.


A líder e deputada única do partido PAN falava na freguesia de Verdelhos, no concelho da Covilhã, distrito de Castelo Branco, à margem de uma visita que realizou ontem ao Parque Natural da Serra da Estrela (PNSE), para se inteirar no local dos danos e prejuízos provocados pelo grande incêndio que deflagrou na Covilhã a 6 de agosto e afetou cerca de 22 mil hectares daquele território protegido.


Depois de se ter reunido com várias entidades locais, Inês Sousa Real destacou que a principal preocupação que lhe foi transmitida tem que ver com a urgência de se adotarem medidas de contenção dos solos para evitar a contaminação das linhas de água.


Além disso, explicou, ficou também claro que é preciso “renaturalizar esta zona” e adotar medidas que garantam que “há um apoio para o investimento na floresta”, não apenas de produção, mas acima de tudo de conservação”.


Segundo detalhou, essas medidas devem encontrar uma forma de compensar financeiramente os proprietários da floresta que é economicamente pouco rentável, mas cuja manutenção é considerada essencial para manter a biodiversidade e até para ajudar a travar fogos.


Frisando que é “absolutamente desolador” ver a paisagem queimada do PNSE, a líder do PAN também vincou o facto de terem sido as áreas de floresta autóctone a contribuir para travar o incêndio em alguns locais, pelo que reiterou a importância de se adotarem medidas que ajudem os proprietários deste tipo de floresta.


“Se não tivermos isso em consideração no próximo Orçamento do Estado e nas políticas e na implementação dos fundos comunitários, vamos estar todos os anos a perder para os incêndios, porque os incêndios combatem-se no inverno e não no verão”, acrescentou.


Por outro lado, também lembrou que os restantes moradores e os pequenos produtores não podem ser esquecidos, tendo sustentado que é preciso adotar um “programa mais robusto do ponto de vista financeiro”.


Vincou ainda que o grande Plano de Revitalização do PNSE, que o Governo já prometeu criar, não pode falhar.


“Tem de ser desta vez. Nós não podemos correr o risco de perder o combate para com as alterações climáticas, de perdermos áreas de floresta com a importância como a que o PNSE tem”, fundamentou.


Nesta visita, em que passou por alguns dos locais mais afetados pelo fogo, Inês de Sousa Real também tem prevista a deslocação ao Centro de Interpretação da Serra da Estrela (Seia) e ao CERVAS – Centro de Ecologia, Recuperação e Vigilância de Animais Selvagens de Gouveia.


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