Calçado português quer crescer e exportar 2 mil ME em 2015

Fonte: http://static.zara.net/photos//2014/V/1/2/p/2067/302/100/2/w/1920/2067302100_2_4_1.jpg?timestamp=1395311895535

A indústria portuguesa de calçado, representada na principal feira mundial do setor com a segunda maior delegação estrangeira, quer atingir os 2.000 milhões de euros de exportações em 2015 e reforçar a mão-de-obra em Portugal.

“Portugal exporta por ano 75 milhões de pares de sapatos, no valor de 1.700 milhões de euros, que muito provavelmente vai ser ultrapassado este ano. Acreditamos que, até final do próximo ano, chegaremos até à barreira dos 2.000 milhões de euros exportados de calçado”, afirmou este domingo o diretor de comunicação da Associação Portuguesa dos Industriais de Calçado, Componentes, Artigos de Pele e Seus Sucedâneos (APICCAPS) durante uma visita à representação portuguesa na feira MICAM, em Milão (Itália). Segundo Paulo Gonçalves, a estratégia de internacionalização seguida pela indústria nacional – que em 2013 exportou mais de 95% da produção – deixou o setor “muito bem calçado”, pelo que “um terço das empresas equaciona contratar novos colaboradores” para “cumprir os prazos de resposta e satisfazer as encomendas” previstas. Com 35 mil colaboradores em 2013 e mais de 600 novos postos de trabalho criados este ano, a indústria portuguesa de calçado já “esgotou” a mão-de-obra disponível nas suas principais zonas de implementação, em S. João da Madeira, Felgueiras e Santa Maria da Feira, pelo que tem optado pelo interior do país para implantar fábricas complementares às unidades mãe. “Muitas das empresas estão a criar novas unidades industriais em zonas como Paredes de Coura, Viana do Castelo de Paiva, Celorico de Basto, Mondim de Basto e Pinhel”, afirmou Paulo Gonçalves, explicando que o objetivo é assegurar a continuação do “crescimento sustentado” do setor, cujas exportações aumentaram mais de 40% desde 2010 e já acumulam uma subida de 12% nos primeiros seis meses deste ano. A participação na MICAM – que hoje arrancou com 86 empresas portuguesas, responsáveis por mais de 100 marcas – aposta no “aprofundar da presença” nos mercados europeus ditos “tradicionais”, como a Alemanha, França, Reino Unido, Espanha, Itália, mas também em marcar posição “em mercados de elevado potencial de crescimento como a Rússia, EUA, países árabes e China. No mercado há apenas um ano, a marca Lemon Jelly – criada pela empresa Procalçado, até então especializada em solas e em calçado de saúde – já exporta 70% do que produz nos Carvalhos, em Gaia, e tem como objetivo “por em todo o mundo” os seus novos sapatos totalmente feitos em plástico. “Atualmente estamos em mais de 15 países, desde a Ásia (China, Japão e Coreia) ao continente americano (Canadá e EUA), Europa e África do Sul e vamos começar na Austrália”, afirmou o empresário José Pinto. Com 350 trabalhadores, 100 dos quais contratados no último ano, e presente em mais de 100 pontos de venda, a Procalçado prevê continuar a recrutar, dado o inesperado ritmo de crescimento da nova marca, que produz sapatos, sandálias e galochas recorrendo apenas à “injeção de plástico”. Já para Joaquim Moreira da Silva, gerente e dono da Felmini, o objetivo passa por “manter” a faturação de 15 milhões de euros da empresa de Felgueiras que, com os seus 200 trabalhadores, já atingiu o “limite de espaço” e não pretende deslocalizar a produção porque tem “bons parceiros” a nível da subcontratação. Com 99,2% da produção destinada à exportação, o empresário “gostaria de ver as mulheres portuguesas” com os seus sapatos nos pés, mas admite que Portugal “já compra bastante para o nível de preço” do calçado Felmini, que chega às montras a custar entre 100 e 400 euros. Pelo contrário, Reinaldo Teixeira, do grupo de calçado Carité, também de Felgueiras, assume sem pruridos estar “100% virado para exportação” e tem optado por investir no interior do país para colmatar a falta de mão-de-obra local. “Em Celorico de Basto já vamos com 80 pessoas e em Cinfães vai decorrer a partir de setembro um curso de formação para, em janeiro, abrirmos lá um polo de costura”, disse o empresário, que detém ainda em Oliveira de Azeméis um pequena empresa com 10 pessoas. “Dentro do possível vou procurar contratar”, acrescentou, garantindo ter “bastantes pedidos do mercado” e “novos clientes, sobretudo da Europa”.


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