“Passamos de uma qualidade muito boa para uma situação de excelência, e atingimos pela primeira vez, em 2015, 99% de água segura, o que um critério considerado internacionalmente um nível de excelência”, disse à agência Lusa o diretor do Departamento da Qualidade da Água da Entidade Reguladora dos Serviços de Água e Resíduos (ERSAR).
Luís Simas, que falava a propósito da divulgação do relatório anual sobre o “Controlo da Qualidade da Água para Consumo Humano” referente a 2015, esclareceu que, dos casos de incumprimento detetados, 80% são parâmetros indicadores e que não afetam diretamente a saúde.
“A grande maioria dos incumprimentos que, neste momento, estão a ser detetados na água não têm uma relação direta com a proteção da saúde humana, mas que funcionam como um alerta para que sejam tomadas as medidas adequadas e evitar que a situação piore”, explicou o responsável.
Grande parte daquelas situações, apontou, “estão no interior do país, nas zonas de abastecimento mais pequenas, e menos no litoral e nas zonas densamente habitadas”.
Luís Simas referiu que os restantes incumprimentos, “referem-se a parâmetros obrigatórios que [acontecem] pontualmente, por características das origens da água ou porque o tratamento não funcionou com a eficiência que deveria ter funcionado e, quando [são] detetados, a entidade gestora está obrigada a corrigi-los”.
No ano passado, foram realizadas mais de meio milhão de análises, ficando por fazer 330, o que, segundo o diretor do Departamento da Qualidade da Água, está em linha com anos anteriores e significa que o controlo continua a ser feito “com grande rigor e com resultados que permitem ter uma ideia muito precisa e exata do que é a qualidade da água nas torneiras”.
Questionado sobre a existência de casos em que fosse necessária intervenção das autoridades, Luís Simas esclareceu que não há registo de situações específicas que obrigassem “à tomada de medidas um pouco mais drásticas” para correção de incumprimentos.
As 15 entidades gestoras em alta (venda de água aos municípios) continuam a revelar melhorias na qualidade da água fornecida e realizaram todas as análises regulamentares, com uma taxa de cumprimento dos valores paramétricos de 99,84%, segundo a ERSAR.
O desempenho das entidades gestoras em baixa (serviço direto ao consumidor) continua a refletir as assimetrias regionais, sendo no interior que se concentram os incumprimentos, essencialmente nas zonas de abastecimento com menos de 5.000 habitantes.
Nos locais do país em que não há rede pública de distribuição de água, estão disponíveis 280 fontes ou fontanários, nos quais “declaradamente a água é controlada”.
O responsável da ERSAR alertou para a necessidade de evitar as fontes assinaladas com a informação “água não controlada”.
Nos fontanários para consumo humano, “foi atingido praticamente [o nível] 95% de água segura”, salientou.