Projeto quer recuperar florestas de teixo no Gerês e Serra da Estrela

As florestas de teixo, no Gerês e na Serra da Estrela, vão receber ações de apoio à renovação natural, com 18 mil novas plantas, e de redução do risco de incêndios, revelou hoje a Quercus.

O objetivo do projeto LIFE Taxus é contribuir para a recuperação do habitat, que é prioritário e respeita as florestas mediterrânicas de taxus baccata, ou seja, de teixo, uma espécie com o limite sul de distribuição europeu em Portugal, localizadas principalmente na Peneda Gêres e Serra da Estrela. “Vamos promover ações que favoreçam a regeneração natural e reduzam os riscos de incêndios, como limpezas de caminhos e nas orlas dos bosquetes para diminuir o material combustível, e a conexão entre as várias áreas de bosquetes de teixo na Serra da Estrela”, onde os núcleos são reduzidos e distantes uns dos outros, explicou à agência Lusa Nuno Forner, da Quercus. “No global pretende-se intervir em cerca de 60 hectares e na Serra da Estrela vamos procurar aumentar a área em cerca de 15 hectares, com a plantação de espécies características do habitat. Perspetiva-se plantar cerca de 18 mil plantas”, grande parte teixo, avançou o ambientalista. A intervenção na Serra da Estrela incide sobre baldios comunitários distribuídos pelos concelhos de Manteigas, Covilhã e Seia, e na Peneda-Gerês em terrenos do Estado geridos pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF). A plantação das espécies, que estão a ser produzidas nos viveiros florestais do Sabugal, geridos pelo ICNF, inicia-se este ano e prolonga-se até final de 2016, contribuindo para o aumento da área de ocupação na Rede Natura 2000. Trata-se de plantas características do habitat do teixo, como azevinho, tramazeira, bidoeiro ou carvalho. “É um habitat florestal bastante raro, extremamente vulnerável aos efeitos das alterações climáticas, incêndios, ao corte e pastoreio e à invasão de espécies exóticas”, avançou Nuno Forner. O habitat do teixo “tem uma distribuição bastante limitada” e, enquanto no caso do Gerês está em “razoável estado de conservação, com bastante área”, na Serra da Estrela, principalmente devido aos incêndios e à pressão humana, com pastoreio, no passado, está “muito circunscrito a alguns vales”, onde as condições dos solos e de humidade são propícias, salientou o técnico da associação de defesa do ambiente. Apesar de faltarem dados concretos, a Quercus refere que o teixo está em regressão, afetado por incêndios que são cada vez mais frequentes e abrangem cada vez maiores áreas, resultando num impacto “bastante significativo” sobre este tipo de habitat de importância comunitária. O projeto, cofinanciado a 75% pelo Programa LIFE+ da União Europeia e envolvendo cerca de 376 mil euros, também pretende sensibilizar os cidadãos, principalmente a comunidade escolar, para a necessidade de preservar este habitat florestal “muito raro e extremamente vulnerável aos efeitos das alterações climáticas”.


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