Referindo-se aos neonicotinóides, a associação ambientalista salientou esperar que “exista força política suficiente para levar por diante esta proposta, enfrentando as muitas pressões da indústria e dos fabricantes de pesticidas”, já que “existem indícios suficientes que comprovam os impactes negativos daquelas substâncias nos insetos polinizadores”.
Assim, “não deve existir margem de recuo relativamente à sua proibição”, insistiu a Quercus, defendendo que a Comissão Europeia deve definir outras iniciativas que “proíbam ou condicionem fortemente a utilização de pesticidas de síntese com efeitos adversos no ambiente, nos organismos vivos e na saúde pública, e aumente a velocidade de transição para métodos de agricultura mais responsáveis e sustentáveis”, como a agricultura biológica.
“Portugal, que em 2013 demonstrou uma posição muito débil relativamente a este assunto ao votar contra a proibição de três neonicotinóides muito tóxicos para as abelhas, terá agora a oportunidade de se redimir”, acrescentou a associação liderada por João Branco.
A Comissão Europeia pretende limitar o uso de alguns inseticidas que afetam as abelhas, principalmente os neonicotinóides, de largo espectro, usados na prevenção, controlo e tratamento de várias culturas agrícolas contra organismos considerados prejudiciais.
A proposta a ser apresentada aos Estados-membros terá como objetivo a proteção das abelhas e dos serviços ambientais que prestam, e será baseada na avaliação de risco sobre pesticidas publicada no ano passado pela Autoridade Europeia para a Segurança Alimentar.
As restrições ao imidacloprid, clotianidina e tiametoxam, que constam de um esboço de proposta a apresentar em maio, não são uma proibição total e o documento pode ser alterado até à versão definitiva, com os contributos dos Estados-membros, segundo disseram fontes comunitárias, na sexta-feira.
O colapso das colónias de abelhas nos últimos anos tem causado importantes baixas nos efetivos dos apicultores em todo o mundo e é um dos grandes problemas da atualidade, com reflexos relevantes no ambiente e na atividade agrícola, decisiva para a produção de alimentos.
A Quercus refere estimativas a apontar que, pelo menos, 80% das culturas agrícolas mundiais necessitam de polinização para dar semente e só na Europa o valor anual estimado dos polinizadores é de 22 mil milhões de euros.