São comprados 150kg de castanhas que são atirados do alto da torre da Igreja Matriz, única classificada como Interesse Público do concelho da Guarda.

O “Magusto da Velha”, que remonta ao século XVII, é revivido anualmente no dia 26 de dezembro, na localidade de Aldeia Viçosa, localidade situada a cerca de 15 quilómetros da cidade da Guarda.

As atividades costumam decorrer na igreja matriz com uma missa pela alma da “velha” e por António Martins, único Soldado nascido em Porco, hoje Aldeia Viçosa, no concelho da Guarda e morto na 1ª Guerra Mundial, no dia 16 de junho de 1917.

Ao longo da tarde, costuma haver castanhas, rebuçados, vinho, música, teatro, cortejo, Madeiro do Natal, torradas em azeite, sinos a rebate, entre outras iniciativas. O atual executivo da Junta de Freguesia tem também trazido ao evento o pão torrado e mergulhado no melhor azeite do mundo, o azeite de Aldeia Viçosa. No entanto, devido à pandemia este ano será diferente.

A história da tradição de Aldeia Viçosa, mencionada no livro “Livro de Usos e Costumes desta Igreja do Lugar de Porco”, do Padre António Soares Meirelles, conta que foram lavradas escrituras com o gesto desta Velha, em que esta estabelece um compromisso com a Igreja local: “Tem obrigação de dar (…) cinco meios de castanha e cinco alqueires de vinho pela alma de uma velha que deixou noventa e seis alqueires de centeio a esta Igreja impostos na Quinta do Lagar de Azeite para que com esta castanha e vinho se fizesse no mesmo dia um magusto e todos dele comessem e rezassem na Igreja um Padre Nosso pela sua alma”.

Desde então, o povo tem organizado esta festa que recorda o gesto benemérito de quem deu de comer aos pobres em plena época medieval, uma época caracterizada por fomes, guerras e doenças. São comprados 150kg de castanhas que são atirados do alto da torre da Igreja Matriz, única classificada como Interesse Público do concelho da Guarda.

O Magusto da Velha é organizado pela Junta de Freguesia e conta com os apoios da Câmara Municipal da Guarda e das Associações da freguesia.

A Freguesia pretende candidatar esta tradição com cerca de 500 anos a Património Imaterial, pois considera “um contributo fundamental ao grande projeto de todos nós que é a candidatura “Guarda, Capital Europeia da Cultura”.