A Serra da Estrela, tal como as serras de Guadarrama, Gredos e Gata, em Espanha, faz parte da Cordilheira Central da Península Ibérica. A parte do maciço situada em território Espanhol, separa as regiões de Castela e Estremadura e prolonga-se por Portugal através da Serra das Mesas, berço do rio Côa que corre para norte até ao Douro, e pela Serra da Gardunha, antes da Estrela, continuando depois desta em direcção a SW, pelas serras do Açor e da Lousã.
Serra da Estrela vista do Sul, Fundão, Cova da Beira. Inverno. (LAC)(PM)
Na Serra da Estrela nasce o maior rio inteiramente português, o Rio Mondego, que flui para oeste, em direção ao Oceano Atlântico e às praias da Figueira da Foz, acompanhado por muitos dos seus afluentes, como o Alva e o Ceira, que separam o mundo de granito da Estrela do xisto das serras do Açor e da Lousã. No seu limite Ocidental, a Serra do Espinheiro e o seu vale tectónico assinalam o fim da Cordilheira Central Ibérica e o começo da orla mesozóica portuguesa. Ali se ergue o maciço calcário de Sicó, nascido do recuo do mar nos primórdios da Pangea, ainda agora acessível numa linha de praias oceânicas que para Sul se estendem em amenas enseadas de areia branca e profundo azul, de Pedrógão, Santa Cruz, Peniche e Nazaré.
Na margem direita do Mondego, alonga-se o vasto planalto atravessado pelo seu principal afluente, o Rio Dão e, como uma escadaria que desce para o Atlântico, fecham a sua bacia as serras do Caramulo, do Buçaco e da Freita, enquanto para Noroeste, os vales de Lafões e do Vouga atravessam as serras da Gralheira e Montemuro.
No seu limite Sudeste, depois de se elevar até 1993 metros no planalto da Torre, a Serra da Estrela tomba abruptamente mais de mil metros, por gargantas glaciarias. Surge a Cova da Beira, um amplo e fértil anfiteatro também cercado pelas serras da Gardunha, das Mesas e da Malcata. O Rio Zêzere, depois de correr para Norte até Manteigas pelo seu típico vale glaciário, quando atinge a Cova da Beira lança-se definitivamente para sul a caminho do Tejo.
Esta notável situação geográfica, na charneira dos grandes rios e vales do Côa-Douro, a norte, do Zêzere – Tejo, a sul, do Mondego, a oeste e do Dão – Lafões – Vouga, a noroeste, proporcionou, desde os tempos pré-históricos, o traçado de rotas naturais para as comunidades primitivas de recoletores e pastores, forneceu aos primeiros agricultores e pastores os recursos para edificar as suas antas e dólmenes memoriais, e traçou as estradas romanas, os caminhos medievais e da transumância, sobrepostos no tempo histórico-cultural, ainda hoje percurso obrigatório das modernas auto-estradas e itinerários principais (A23, IP3, A25/E 80).
Serra da Estrela vista de Tábua, a Oeste, no Planalto do Dão. Inverno. (LAC)(PM)
Sobre este mapa, histórico, natural e nas suas paisagens humanizadas, traçámos a grande Rota da Serra da Estrela e dos seus Circuitos de Turismo Ambiental. Na Estrela se articulam as grandes Rotas do Vale do Côa e Além Douro, do Zêzere – Tejo, do Alto e Baixo Mondego e de Dão – Lafões – Vale do Vouga, concebidas na continuidade das Rotas e Circuitos Transfronteiriços do Turismo Cultural e Turismo de Natureza ou Ecológico.
Capela de Orjais com vestigios do templo romano.
Excelente miradouro sobre a Cova da Beira. Verão. (LAC)
Fonte: In Roteiro Serra da Estrela (LAC)