A comuna judaica da Guarda foi durante longos períodos uma das mais importantes do país e é considerada uma das mais antigas. Está comprovado que remonta ao século XIII com o aforamento, por parte de D. Dinis, de casas da freguesia de S. Vicente a famílias judaicas, tendo sido numa delas instalada a sinagoga.
Esta era a judiaria nova, prolongamento de uma mais antiga, a velha, mencionada no foral de 1199.
Em fins do século XIV aí residiam cerca de 200 pessoas e, cerca de 50 anos depois, o número de habitantes de credo judaico já rondaria entre os 600 e os 850.
As famílias tinham nomes como Ergas, Castro, Falilho, Baruc, Mocatel, Marcos, Querido, Alva, Cáceres, Castelão, etc. As audições perante o Tribunal da Inquisição decorriam nas igrejas de S. Vicente e S. Pedro. A dinâmica comunidade judaica da Guarda oferecia toda uma série de serviços à população: alfaiates, sapateiros, curtidores, ferreiros, tecelões, gibiteiros, tosadores, físicos, cirurgiões, ourives, carpinteiros e esmaltadores, como o indicia a arquitectura das casas, com dois pisos – o térreo destinado ao comércio e o 1º piso à habitação, e a existência de duas portas, uma larga para o negócio, outra estreita para a família..
A judiaria tinha o seu início junto à Porta d’El-Rei e estendia-se até ao adro da igreja de S. Vicente, limitada pela muralha e pela Rua Direita que dava acesso àquela Porta. Em 1465 este acesso foi fechado devido aos protestos dos cristãos.