Como chegar Como chegar a Fornos de Algodres: O território de Fornos de Algodres localiza-se na transição entre o Planalto Beirão e a Serra da Estrela, atravessado pelo rio Mondego. De Lisboa é possível viajar sempre por auto estrada, seguindo pela A1 em direção ao Porto e sair no nó de Torres Vedras, para apanhar […]

Circuito Turistico 7 - Encruzilhada de Caminhos

Como chegar

Como chegar a Fornos de Algodres:
O território de Fornos de Algodres localiza-se na transição entre o Planalto Beirão e a Serra da Estrela, atravessado pelo rio Mondego.

De Lisboa é possível viajar sempre por auto estrada, seguindo pela A1 em direção ao Porto e sair no nó de Torres Vedras, para apanhar a auto estrada A23 e no cruzamento da Guarda tomar a A25 em direção a Aveiro, saindo em Fornos.

Ainda de Lisboa e pela A1 pode tomar-se a direção de Coimbra onde se apanha a IP3 (futura A3) em direção a Viseu, podendo sair no cruzamento do Rojão Grande (antes de Santa Comba Dão) pela IC12 em direção a Nelas e Mangualde, onde se cruza a A 25.

Do Porto toma-se a A1 em direção a Lisboa, para sair no nó de Albergaria-a-Velha e apanhar a A25 em direção a Viseu. Prosseguindo pela A25 encontra-se de novo a saída de Fornos de Algodres.

Como chegar a Aguiar da Beira:
Pela A25 chega-se a Fornos de Algodres e aí corta-se para a EN330 até Aguiar da Beira. Situada a cerca de 25 km de Viseu, quem vem do sul deve apanhar a A1 e sair em Coimbra (IP3), tomando a direção Viseu, mas, sem entrar dentro do perímetro desta cidade, apanhar a A25 e escolher a saída para o Sátão, que conduz a Aguiar da Beira pela N229. Do norte, toma-se a A1 e sai-se em Aveiro para a A25, direção Vilar Formoso, até à referida saída de Satão, que dista 25 km de Aguiar da Beira.

Constitui o acesso ao portal Sul do Parque Arqueológico do Vale do Côa, por Trancoso (pela N102/E802).

Percurso recomendado

Vila Ruiva (EM) – Ponte de Juncais (N330) – Fornos de Algodres (N16) – Infias (EM) – Algodres (EM) – Cortiçô (EM) – Forcadas (EM) – Matança (EM) – Furtado (EM) – Fornos de Algodres (N330) – Figueiró da Granja (EM) – Sobral Pichorro (EM) – Queiriz (EM) – Carapito (EC583) – Ponte do Abade (N226) – Açores (EM599) – Santuário da Senhora da Lapa (EM599) – Aguiar da Beira (N330) – Fornos de Algodres (N330).

Os grandes quadros paisagísticos de Fornos de Algodres

Fornos de Algodres preserva 5 mil anos de história e um importante património histórico-arqueológico, desde a Pré-História à atualidade. Os Dólmens ou Antas assinalam a sedentarização das comunidades humanas, com o advento da agricultura e da pastorícia. São monumentos funerários e religiosos, construídos para perpetuar as memórias dos primeiros povoadores e fixar no culto dos mortos os seus saberes e imaginário, que apresentam nalguns casos pinturas ou insculturas abstractas ou cenas da vida quotidiana. Todo o vasto Planalto Beirão, entre os anfiteatros serranos da Estrela, da Nave, da Lapa e de Montemuro é riquíssimo nestas singelas mas monumentais expressões do megalitismo.

Os dólmens de Corgas de Matança e Cortiçô (neolítico) são os mais notáveis.

Dólmen de Cortiçô. Primavera. (LAC)

Dólmen de Cortiçô. Primavera. (LAC)

O Castro de Santiago, em Figueiró da Granja, testemunha a pré-história da Idade do Cobre.

Castro de Santiago. Verão. (LAC)

Castro de Santiago. Verão. (LAC)

O Castro da Fraga da Pena, em Queiriz, data da Idade do Bronze.

A romanização legou-nos o troço da calçada romana de Fornos, junto à capela de Nossa Senhora da Graça, o troço de calçada romana de Maceira e a ara da capela de S. Clemente, no Furtado.

A alta Idade Média está representada pelas necrópoles de Forcadas e Vila Ruiva.

Necrópole dos Forcados. Primavera. (LAC)

Necrópole dos Forcados. Primavera. (LAC)

Em Algodres, o busto simbólico do fundador “Algodres”, gravado na pedra do tardoz da capela-mor da igreja matriz, o portal gótico e o pelourinho manuelino, documentam o advento da Idade Moderna.

A capelinha do Santo Cristo em Sobral Pichorro é um repositório de estruturas arquitetónicos de todas as épocas, com elementos visigóticos (século XII).

E na etnografia, são peças notáveis o Lagar de Azeite da Casa do Cabo/Museu Etnográfico em Cortiçô, e o moinho de vento em Maceira, o queijo da Serra da Estrela e o vinho do Dão, o artesanato do tamanco (de José Sequeira), a latoaria, a cestaria e a cerâmica decorativa.

O património de Fornos de Algodres

Com partida do Solar de Vila Ruiva que é estabelecimento do INATEL recentemente ampliado e um bom exemplo de arquitetura contemporânea integrada na paisagem e que oferece o conforto de um moderno hotel, procure nesta aldeia junto à capela do Anjo a Necrópole Medieval formada por 22 sepulturas escavadas na rocha. Deverá depois de alcançar a EN330 e atravessar o Mondego na Ponte de Juncais dirigir-se pela EN16 a Fornos de Algodres para realizar um circuito urbano que começa por encontrar, a leste da entrada da vila e junto da capela de Nª Srª da Graça um troço da via romana, bem conservada, que ligava Mérida à província da Lusitânia.

Procure depois o centro histórico-monumental, com o pelourinho manuelino reconstruído, os solares, a Igreja Matriz barroca século XVII, que apresenta o tecto da capela mor revestido de 36 pinturas e diversos óleos de temática religiosa, do século XVIII, atribuídos a Mestre Jerónimo da Cunha, de Vila Ruiva.

Aproveite ainda para visitar o Centro de Interpretação Histórica e Arqueológica – CIHAFA. Atravessado o centro histórico, chega-se à parte mais alta da vila e à saída de Fornos para a mata municipal da Serra da Esgalhada. Aqui poderá encontrar além de vários pontos de contacto visual privilegiado com a envolvente paisagística, nomeadamente no miradouro a NW, um Centro de Interpretação e Educação Ambiental. Dali se desfruta uma paisagem monumental sobre o Vale do Mondego e a Serra da Estrela onde avulta a Penha de Prados rodeada de aerogeradores. Começamos o percurso das aldeias de montanha pela mais próxima, a de Infias, onde se encontra a lápide romana dedicada ao deus Mercúrio, incrustada no lado esquerdo da parede da Igreja. É uma jornada que nos conduz para novas paisagens e um vasto anfiteatro que a norte se estende até ás alturas das Serra da Lapa e de Montemuro, o vasto planalto da Beira onde nascem os rios Dão e Vouga, enquanto a sul se ergue a Estrela, na direção do oceano Atlântico eleva-se o Caramulo e a nascente a Serra da Marofa, já em pleno Vale do Côa, com as suas gravuras rupestres Património da Humanidade. Se o Côa é a terra de passagem das comunidades de caçadores e recoletores do paleolítico, este vasto planalto documenta, com a preservação de antiquíssimos monumentos e paisagens humanizadas, a sedentarização e os primórdios da agricultura e da pastorícia. Indo pela EM alcança-se Algodres, onde se conserva o antigo e monumental lavadouro público e podemos apreciar o busto do “Algodres”, gravado na parede por detrás da capela-mor da igreja matriz, imagem que a tradição associa ao fundador da povoação e que sugere o retrato de um monge. O seu portal gótico conserva os padrões de medida gravados na coluna da esquerda e, no largo, ergue-se o pelourinho manuelino.

De novo na estrada que liga Algodres a Maceira, na Quinta das Alagoas, encontra-se uma lagariça escavada na rocha. Mais adiante, surge o Dólmen de Cortiçô, sustentado por grossos esteios de vários tipos de granito, de grão fino mas também porfiróide, que, por não se encontrar nas redondezas, testemunha por si só o esforço heróico dos seus ancestrais construrores. É um local mágico, que parece estar orientado em relação ao ciclo diurno do sol, e representar simbolicamente a morte e a vida nos solstícios de inverno e de verão. Logo depois Maceira onde pode ser visto um troço de calçada romana que liga a povoação a Sobral Pichorro e um belo Moinho de Vento. Prosseguimos infletindo o percurso para a Necrópole das Forcadas, da época medieval, situada entre esta aldeia e a ribeira, composta por 25 sepulturas escavadas na rocha. A natureza, num singular sortilégio, enfeita as campas rasas com ramos de rosmaninho, de giestas, ervas e de outras flores de campo.

Prosseguimos para a povoação de Matança, que a tradição associa ao combate entre árabes e cristãos ou, mais remotamente, entre romanos e “bárbaros”, com um notável pelourinho encimado por uma gaiola que nos lembra a viseira das armaduras medievais. O Dólmen de Corgas de Matança, a “Casa da Orca” na linguagem popular, surge-nos depois desta povoação, depois de um curto percurso por estrada de terra batida e data do Neolítico. Na vizinha povoação de Furtado, encontramos uma ara romana votiva epigrafada do século III, no interior da Capela de S. Clemente e um forno comunitário.

De regresso a Fornos de Algodres, retomamos outra vez a N 330 em direção a Figueiró da Granja, onde nas Lameiras se visitam três sepulturas escavadas na rocha. Mas também o Castro de Santiago, povoado calcolítico fortificado, datando do século V antes de Cristo e ainda ocupado na Idade Média. É um magnífico exemplo de como a história geológica e a geomorfologia influenciam o povoamento humano.

Trata-se de um monumental tor (do galês torre) de granito, gerado pela alteração desenvolvida na rocha granítica no interior do seu manto de alteração. Por erosão dos materiais mais finos constituídos por saibros, ficam a descoberto as zonas graníticas não alteradas, revelando os blocos graníticos separados pelas fracturas em que o processo de alteração se desenvolveu. O efeito da tectónica, nos últimos 10 milhões de anos provocou o desnivelamento de blocos através da movimentação das falhas provocando o rebaixamento do Vale do Mondego, que aqui se abre em toda a sua monumentalidade aos pés do maciço da Estrela que se levanta a sul com toda a sua imponência.

Origem de um Tor. Fonte: Ferreira e Vieira, 1999.

Origem de um Tor. Fonte: Ferreira e Vieira, 1999.

Sobral Pichorro conserva uma igreja seiscentista e um pequeno tesouro da arquitetura religiosa popular, a capela do Santo Cristo, onde são visíveis elementos visigóticos (século XII). Na parte mais alta de Sobral Pichorro, encontramos de novo a estrada romana, em duas direções opostas, Maceira e Carapito. Dali vamos à Fraga da Pena, um povoado da Idade do Bronze com imponente estrutura defensiva. É de novo um tor granítico exibindo grandes blocos de granito separados por fraturas que atravessamos revelando-nos então uma magnífica paisagem sobre o vale da ribeira da Muxagata.

Fraga da Pena. Verão. (PM)

Fraga da Pena. Verão. (PM)

A Fraga da Pena e o Castro de Santiago são duas catedrais de pedra erguendo-se sobre a paisagem cultural do vale do Mondego, construída e conservada desde tempos imemoriais, por pastores e agricultores da montanha.

Dali tomamos o caminho para Queiriz, com uma igreja muito antiga reconstruída no século XVII e pela EC583 alcança-se Carapito, com os seus múltiplos patrimónios.

Na EC583 encontra-se o desvio para o Dólmen da “Casa da Moira”. Seguimos a EN226 para Peroferreiro, visitamos Lezíria e a Ponte do Abade, a caminho do Douro ou do Vale do Côa, ambos Património da Humanidade. Tomando a direção de Aguiar da Beira, na localidade de Açores, vira-se para a EM599 que é o caminho para o Santuário da Lapa. O regresso a Fornos de Algodres deve fazer-se pela EN330.

Anta ou Dólmen do Carapito, "A Casa da Moira". Aguiar da Beira

Anta ou Dólmen do Carapito, “A Casa da Moira”. Aguiar da Beira

Os grandes quadros paisagísticos de Aguiar da Beira

O amplo planalto que prolonga para nascente o sistema orográfico da Serra da Estrela, pela Serra de Almansor ou do Pisco, até à plataforma serrana da Nave, encontra a norte a Serra da Lapa, berço do Vouga e assiste ao nascimento do Dão, por alturas da Barranha (Eirado). É neste contexto geográfico que fica o território de Aguiar da Beira e é ali que se conserva uma das principais manchas de castanheiros da região, estendendo-se a norte para Sernancelhe e Penedono, onde é maior a biodiversidade.
Percurso recomendado

Aguiar da Beira (N229) – Coja (N229) – Caldas da Cavaca (EM587) – Coruche (EM) – Aguiar da Beira (N330) – Eirado (nascente do Rio Dão) (EC583-1) – Carapito (EC583) – Ponte do Abade (N226) – Açores (EM599) – Gradiz (EM599) – Santuário da Senhora da Lapa (nascente do Vouga) (EM584-2) – Aguiar da Beira (N330) – Pena Verde (N330) – Fornos de Algodres (N330).

O Património de Aguiar da Beira

Dos tempos pré-históricos emergem os quatros dólmens de Carapito e os castros da Gralheira, de Carapito e da Serra das Abelhas.

Vestígios de uma antiga fortificação medieval, deixam ver no pano de muralha de Aguiar da Beira a reutilização de silhares almofadados romanos, que por aqui teriam traçado uma estrada secundária, depois Caminho de Santiago.

A vila recebeu foral de D. Teresa, em 1120.

Conjunto monumental de Aguiar da Beira. Primavera. (LAC)

Conjunto monumental de Aguiar da Beira. Primavera. (LAC)

A antiga Praça Pública, hoje designada por Largo dos Monumentos, é o seu centro histórico, integrando uma malha de traçado medieval, com três singulares monumentos nacionais: – a Torre do Relógio, a Fonte Ameada e o pelourinho de gaiola, do século XVI. Além da antiga Casa da Câmara (século XVIII), a Casa dos Magistrados (século XV), hoje unidade de turismo residencial, a Casa Loureiro (século XVIII). Na encosta do castelo, eleva-se a igreja da misericórdia, construída, provavelmente, no século XVIII. É um exemplar da arquitetura barroca com destaque para a capela-mor, com 32 caixotões de temática hagiográfica. Subindo ao antigo castelo vemos para poente o solar brasonado no Fundo de Vila e um vale matizado de verde pelas suas hortas seculares e os pomares da salutífera maça “bravo de esmolfe”. Em redor, estende-se a malha urbana medieval e as novas urbanizações, como o complexo desportivo. O horizonte circular alonga-se até à encosta da Lapa e à serra do Pisco ou Almançor, e, em dias claros, vê-se Viseu. No topo da velha muralha, a imagem de Nossa Senhora da Ascenção, e na base, dois velhos cruzeiros e a igreja de Nossa Senhora do Leite ou Nossa Senhora do Castelo de altar barroco, com um belo arco gótico. Regressados ao largo caminhamos em direção à igreja matriz do século XVII. Nela se destaca um nicho com escultura, em pedra de Ançã, de Nossa Senhora da Graça, atribuída a João de Ruão, mestre da renascença coimbrã e os caixotões com pinturas no tecto da Sacristia. De Aguiar às Termas da Cavaca é um pulo pela EN229. Na saída pela EN230 uma nova paragem para ver as sepulturas antropomórficas e seguir para Pena Verde, com belo pelourinho e janelas manuelinas.

Percurso da Serra

Grande parte do circuito proposto com partida de Aguiar da Beira teve já a sua descrição no circuito de Fornos de Algodres com partida de Vila Ruiva. Limitamo-nos por isso a descrever um percurso alternativo de regresso do Santuário de Nossa Senhora da Lapa pela serra. Saindo de Aguiar pela EN229, o nosso destino é o Vale de Açores e os seus pastos verdes. Dali seguimos para o viveiro de trutas, ao pé de Gradiz, para aqui visitar a ruína da casa onde nasceu o erudito franciscano Joaquim Viterbo (século XVIII), a igreja matriz, de estilo barroco, dedicada à Senhora das Neves e os solares de Vilhenas e Lapas. No alto da serra fica o povoado de Mouções, no caminho do Santuário de Nossa Senhora da Lapa, a quem dedicamos um quadro anexo, como uma das paisagens culturais mais notável da província das Beiras. Deixamos para trás o santuário e a nascente do Vouga para retornarmos a Aguiar, visitando as Quintas da Serra pela EM584-2.