PP/PR 01 – SÃO LOURENÇO Enquadramento Geral – Percurso circular entre Manteigas – Carvalheira – Campo Romão – Mata de S. Lourenço – Manteigas. Acesso rodoviário ao local de partida – Em Manteigas na envolvente do edifício da Câmara Municipal, encontrará parque de estacionamento. Extensão aproximada – 15,5 km Duração aproximada – 5h Grau de […]

PP/PR 01 – SÃO LOURENÇO

PR-LAC-06

Enquadramento Geral – Percurso circular entre Manteigas – Carvalheira – Campo Romão – Mata de S. Lourenço – Manteigas.

Acesso rodoviário ao local de partida – Em Manteigas na envolvente do edifício da Câmara Municipal, encontrará parque de estacionamento.

Extensão aproximada – 15,5 km

Duração aproximada – 5h

Grau de Dificuldade – Difícil

Tipo de percurso – Circular com desníveis acentuados

Apoios – Painel informativo no local de partida, junto ao Parque de estacionamento fronteiro ao edifício da Câmara Municipal e balizamento com a marcação dos símbolos convencionais dos percursos pedestres.
Nota prévia – Se ainda não está habituado a caminhar, sugerimos- lhe que faça com a sua viatura a aproximação aos pontos de contacto com as vias rodoviárias e poderá escolher pequenos troços de caminhada que não duram mais de uma hora.

Percurso – Com o auxílio da sinalização convencional e dirigindo- se para norte, para a zona da vila chamada do Picoto, tente encontrar o caminho da Carvalheira assim conhecido pela extensa mata de carvalho-negral, Quercus pyrenaica, que atravessa. Aí chegado e a cerca de 1,3 km. do local de partida, vire à esquerda e entrará no referido caminho. Não abandone o empedrado que passa ao lado de casa que foi de Guarda Florestal (2,4 km) e o levará em pouco tempo a meia encosta junto à casa do Ribas (3,2 km). Aí encontrará a estrada florestal alcatroada, chamada de S. Sebastião, que um pouco acima entroncará com a EN232 Manteigas – Gouveia, na Curva Bonita. Ensombrada por carvalhos-negrais, Quercus pyrenaica e carvalhos- robles, Quercus robur, castanheiros, Castanea sativa e pseudotsugas, Pseudotzuga menziesii de porte monumental; repare na forma em tridente das escamas das suas pinhas. A mata de carvalho negral surgirá um pouco mais à frente. Nas encostas, os prados de Festuca elegans, planta xerófita adaptada aos biótopos secos, que irrompe como um braçado de espigas de cor violeta e amarela, representam uma fase degradada dos bosques de carvalho-negral e aparecem também nas orlas dos pinhais. Neles se confina a Leucanthemopsis flaveola, que lembra os malmequeres, com minúsculas flores e um largo cálice, em dois tons de amarelo, associada à Phalacrocarpum oppositifolium, nascida em braçadas de brancura imaculada. Nos bosques caducifólios encontram-se mais de 70 espécies de plantas vasculares características11. Entre as mais singulares estão as esporas-bravas, Linaria triornithophora e o dentede- cão, Erythronium dens-canis.

Esporas-bravas. Linaria trionithophora. (JJ)

Esporas-bravas. Linaria trionithophora. (JJ)

Quercus Pyrenaica

Quercus Pyrenaica

Feita a Curva Bonita e passada a fonte da beira da estrada, aprecie na encosta à sua esquerda, que tem na sua cumeada o Observatório Nacional Meteorológico das Penhas Douradas, a jovem mata de carvalhos que resultou de regeneração natural após incêndio ocorrido em 1983, de pseudotsugas semelhantes às da Curva Bonita.

Siga pela EN232 até à Pousada de S. Lourenço e não se arrependerá. Os quadros panorâmicos que irá desfrutar, compensarão o alcatrão que terá de pisar. Surgirá primeiro a encosta de S. Lourenço a leste, depois e no sentido dos ponteiros do relógio, a sul, a encosta das Moitas. Depois o alto do Vale do Zêzere, e em seguida a encosta de S. Sebastião que deu o nome à estrada, onde poderá apreciar vista de cima, a bonita mancha florestal que acabou de atravessar. Finalmente já na Pousada de S. Lourenço, poderá rever em perfeito enfiamento de vistas o Vale do Zêzere em todo o seu esplendor. Do lado oposto terá o Campo Romão e as encostas já da bacia do Mondego, menos florestadas, cobertas de grande diversidade de matos, mas nem por isso menos importantes para o equilíbrio ecológico. José David Lucas Batista, em “Toponímia do Concelho de Manteigas”, 1994, admite que a etimologia de Campo Romão não contraria a asserção local de ligação de tal topónimo a um acampamento (campus romanus) que os romanos ali tivessem estabelecido.

Passados 400 m do início do CF, vire à sua direita e prossiga mais 2,8 km antes de decidir, em novo cruzamento, prosseguir a subida, adiando para mais tarde uma reconfortante descida. Não vai deixar este CF até chegar próximo da Srª do Espinheiro, local onde conflui um outro CF proveniente do Sabugueiro que irá tomar para alcançar o açude no rio Alva um pouco a jusante desta povoação. Este açude é de abastecimento do canal que, reforçado com os caudais das centrais de Sabugueiro I e Sabugueiro II, irá abastecer a câmara de carga da central da Srª do Desterro.

Tome a direção da Cruz das Jogadas, atravessando o Campo Romão por caminho agrícola bem visível na paisagem, caminhando entre as quintas com gado, no Covão de Sta. Maria, Castanheira e Covão da Ponte.

Covão da Ponte. (JC)

Covão da Ponte. (JC)

Os matos e os prados pastados de forma extensiva, jogam um papel importante na modelação dos padrões de vegetação da paisagem, porque o trabalho do homem e os seus gados pastando são a força que dirige a transferência de energia e nutrientes dos “outfields” (campos exteriores) aos “infields” (campos interiores). A maioria dos “outfields” são terras comuns (baldios), incluindo matos e prados; os “infields” situam- se mais perto das povoações e incluem geralmente terras aráveis, lameiros, prados de feno e horticulturas.

O transporte do gado e produtos dos campos exteriores para as povoações, através de uma complexa rede de caminhos, dá origem a um padrão vegetal característico incluindo a vegetação nitrófila, ruderal e adaptada ao pisoteio. Os excrementos dos carneiros e as cabras fertilizam as comunidades que habitam os vários campos aráveis dos planaltos inferiores e dos socalcos. Isto acontece durante o período que os rebanhos permanecem na terra (às vezes durante a noite em cercas móveis) ou indiretamente usando arbustos e outras plantas para fazer a cama dos animais no estábulo, que é misturado com o estrume e posto finalmente sobre a terra.

Os lameiros também possuem uma elevada biodiversidade. Uma das espécies mais belas é a orquídea Dactylorhiza caramulensis.

Dactylorhiza caramulensis. (JC)

Dactylorhiza caramulensis. (JC)

No cruzamento da Cruz das Jogadas, onde entronca com o velho caminho de Manteigas/Covão da Ponte/Folgosinho, tome a direção da capela de S. Lourenço, que encontra ainda antes do marco geodésico do mesmo nome e aprecie na envolvente da capela os majestosos carvalhos centenários com cerca de 400 anos. Até lá e já no troço mais ou menos plano do caminho florestal, confirme a Poente o perfil de linha quase reta, formada pelo planalto do maciço superior da Serra da Estrela. Em dia de boa visibilidade, compare tal perfil com o da linha quebrada da Serra de Gata já em Espanha que pode avistar a Nascente, do local junto à capela onde se encontra um leitor de paisagem da Junta de Freguesia de Santa Maria. Aprecie deste local o serpentear do rio Zêzere ao passar pelas localidades de Sameiro e Vale de Amoreira.

Panorama sobre Manteigas. (AC)

Panorama sobre Manteigas. (AC)

Dirigindo-se ao marco geodésico/posto de vigia de S. Lourenço, inicie a descida para Manteigas, serpenteando por esta encosta primeiro pelas caminhos florestais que atravessam uma jovem e exuberante mata de folhosas e depois na parte final antes de chegar ao ribeiro de Pandil por caminho pedonal. Atravessado o ribeiro siga pela sua margem direita pelo caminho de Pandil e entre em Manteigas pelo caminho agrícola da Granja e depois da Quinta, até alcançar a EN232, mesmo à entrada da vila.

Gralha-de-bico-vermelha, Pyrrhocorax pyrrhocorax. (AC)

Gralha-de-bico-vermelha, Pyrrhocorax pyrrhocorax. (AC)