Rota Transfronteiriça – A Rota da Lã Liga a Serra da Estrela à Região centro de Portugal e ao norte, mas também à Extremadura Espanhola. “As origens das tradicionais rotas do gado remontam ao final do paleolítico. Até esse momento, o sudoeste ibérico, permaneceu como a única porção da Europa a salvo dos gelos que […]

 Rota Transfronteiriça – A Rota da Lã

Rebanho na Lagoa Comprida. Verão. (PM)

Rebanho na Lagoa Comprida. Verão. (PM)

Liga a Serra da Estrela à Região centro de Portugal e ao norte, mas também à Extremadura Espanhola.

“As origens das tradicionais rotas do gado remontam ao final do paleolítico. Até esse momento, o sudoeste ibérico, permaneceu como a única porção da Europa a salvo dos gelos que cobriam o resto do continente, atuando como reserva para múltiplas espécies da fauna e da flora.

Devido a secas cada vez mais prolongadas, a fauna começou a efetuar deslocações estacionais causando um deslocamento mais para norte em cada ano passado.

A grande fauna de herbívoros foi obrigada a adaptar-se a estas novas circunstâncias ambientais, procurando no verão os pastos frescos e a água nas montanhas do norte da península ibérica e regressando no outono às planícies e aos vales do sul.

Estas migrações sazonais arrastaram com elas os clãs de caçadores que viveram na península e, quando estes se tornaram pastores de gado, as antigas rotas cinegéticas passaram então a ser utilizadas para a Transumância.

Por tudo isto a necessidade de deslocar o gado entre os pastos de verão e de inverno determinou o aparecimento de itinerários que, aproveitando os troços mais praticáveis (vales de rios, entre outros), foram tecendo ano após ano uma complexa rede de comunicação por toda a península ibérica, as rotas do gado, cujo uso para esta finalidade, apesar de diminuto, ainda se conserva.

Esta rede de vias da Transumância ajudam a compreender as relações de parentesco, influências culturais, confrontos e alianças e um grande número de circunstâncias da história e economia de Portugal/Espanha.

O facto de ser a rede de comunicação mais antiga, que punha em contacto os povos ibéricos, permitiu um contacto estreito entre as diversas zonas da península, conseguindo manter uma grande unidade cultural entre as mesmas formando o nosso passado.

Graças aos movimentos transumantes realizados, continuando as práticas ancestrais e, a orografia peculiar da península, esta enorme rede de caminhos foi-se conservando sem que as invasões, os impérios, as fronteiras e os reinos a tenham conseguido suprimir.”

Fonte: http://www.translana.com