Até onde o olhar avista. Não há nada que enganar, é sempre a subir em direção ao céu…

A Estrela, a mais grandiosa serra de Portugal continental, é, pelas suas características geográficas, um palco privilegiado para viver experiências únicas. A nobreza das paisagens. Encostas vertiginosas. As lagoas e as pedras esculpidas. Os vales glaciares do Zêzere, de Loriga e de Unhais da Serra. A pureza do ar e o silêncio cristalino. Assim se apresenta a Serra da Estrela. Discreta mas contagiante.

No inverno ou no verão, com ou sem neve, a Estrela é única. Durante todo o ano, a Serra é um autêntico paraíso para os amantes da natureza ou dos desportos da neve. Ou seja, é o cenário ideal para relaxar. Seja quando fica coberta por um manto branco e convida a trocar os ténis pelos esquis, ou quando a neve derrete e a temperatura convida a praticar outras atividades, desde as mais radicais, como bike park, até às mais relaxantes, com uma componente mais cultural. E se juntar os trilhos dispersos traçados pelo pastoreio e os horizontes moldados pela ação dos glaciares, terá uma encenação deslumbrante que se oferece, pronta a ser descoberta. No interior da Serra encontrará rebanhos isolados e esquecidos. Com sorte até poderá cruzar-se com os protagonistas do filme de Jorge Pelicano: “Ainda há pastores?”. Por isso, deixe-se contagiar pela simplicidade, pureza e simpatia daquelas gentes, e guie-se pelos afloramentos do quartzo branco e rosa no negro do granito, o verde dos zimbrais e cervunais, e ainda, pelo azul das lagoas e das cascatas. A serra da Estrela evidencia-se pela grandiosidade e extensão do seu relevo. O visitante, mesmo sem inclinações para desportos mais radicais, vai acabar por escalar as penhas abruptas que separam as ravinas e cercam, nalguns casos, as lagoas da serra.

Quando pensamos em Serra da Estrela pensamos imediatamente em neve, em desportos de inverno, em dias frios passados a esquiar e em noites frente à lareira. Mas a Serra é muito mais do que isso, especialmente agora que as alterações climáticas ameaçam os ecossistemas e alteram de forma incontronável o aspeto da Serra. A neve, esse bem precioso durante tantos anos, pólo de atração turística, é hoje complementada por outros produtos turísticos. O regresso às origens, à matéria-prima, ao genuíno impôs-se como modo de preservação, mas também como meio de sobrevivência da Serra, que teve de se adaptar às novas circunstâncias, para conquistar novos públicos.

A neve não é mais o único foco de atração turística. As paisagens verdejantes, a diversidade botânica/zoológica e geológica, as lagoas, a sensação de isolamento que só os grandes espaços proporcionam e o regresso ao primordial fazem da Serra um lugar de culto para os estudiosos da natureza e para os que gostam de nela se embrenhar, passeando, explorando, descobrindo os encantos escondidos nestas paragens altas e frias, que nos acolhem calorosamente. É todo um património natural e cultural que há que descobrir, com ou sem neve.