Num país maioritariamente católico como Portugal, o nascimento do menino Jesus é o significado do Natal hoje em dia e a sua comemoração anual é feita no dia 25 de dezembro.

No distrito da Guarda, o Natal espalha-se pela região e mantém as tradições ano após ano na Beira Interior. As famílias reúnem-se na noite de 24 de dezembro para a consoada, na qual o prato tradicional é o bacalhau, as couves e/ou o polvo, onde são considerados os “reis” da mesa de Natal. Já no dia 25, a tradição é o peru recheado. Os doces como as filhoses e as fatias douradas são populares em todo o país. E para sobremesa, para além do tradicional bolo-rei, também não pode faltar a tradicional bôla da Guarda, com sabor a canela, e as tradicionais filhoses, rabanadas, sonhos e o arroz doce.

O presépio, a chegada do pai natal, os doces, a iluminação de natal, os presentes, a comida, decoração da árvore de natal e o concurso de madeiros são algumas das dezenas de tradições que se repetem na quadra natalícia em várias localidades do distrito, que anima tanto miúdos como graúdos.

 

Pai Natal

O Pai Natal, tal como o conhecemos atualmente, nasceu em 1931, pelas mãos e criatividade do artista Haddon Sundblom, um trabalho encomendado pela agência de publicidade da Coca-Cola. Com base no São Nicolau, criou uma personagem afetuosa, acolhedora e simpática que rapidamente cativou o público e contribuiu para a criação de uma imagem definitiva do Pai Natal, personificando o espírito natalício e a felicidade da Coca-Cola.

No distrito da Guarda vários são os municípios que apresentam uma programação de Natal e onde se destaca o momento da chegada do Pai Natal.  O Município de Almeida, de Belmonte, de Celorico da Beira, da Covilhã, de Figueira de Castelo Rodrigo, de Fornos de Algodres, do Fundão, da Guarda, de Gouveia, de Manteigas, da Mêda, de Pinhel, do Sabugal, de Seia e de Trancoso, que integram a Comunidade Intermunicipal das Beiras e Serra da Estrela, são algumas das localidades que organizam atividades para assinalar a chegada do Pai Natal.

 

Presépio

Para os cristãos, o presépio, que deriva da palavra praesepium, que significa estábulo, é das mais antigas tradições de celebração do Natal.

Normalmente montado ao lado da árvore e dos presentes, recria o nascimento do menino jesus num estábulo. A sua origem remonta ao século XVI, sendo habitualmente composto por José, Maria e Jesus, pelos 3 reis magos, por animais e por um ou mais anjos.

 

Em 2014, o Município do Sabugal apresentou um presépio com cerca de 300 metros quadrados, tendo sido efusivamente elogiado por parte da comunidade e de todos os visitantes que passaram pela cidade na época natalícia. Um ano depois, a tradição repetiu-se, e o presépio ganhou novas dimensões, com 700 metros quadrados, tornando-se um motivo de atração turística e de orgulho para os habitantes. Em 2018, a tradição ganhou novas dimensões e formas, sendo intitulado de “o Maior Presépio Natural do País”, ocupando 1.100 metros quadrados de área. A recriação dos presépios é construída a partir de materiais recolhidos na natureza, aproveitando o material endógeno da região, como os castanheiros, troncos, giestas, heras, musgos, entre outros elementos que representam a zona rural do Sabugal.

 

 

Presentes

A troca de presentes é uma tradição que remonta a cerca de dez mil anos atrás, onde os povos agricultores trocavam presentes entre si, normalmente excedentes alimentares, no solstício de Inverno, a noite mais longa do ano, de modo a celebrar o facto de o Inverno se encontrar a meio e em breve regressarem os dias de Primavera.

O que antes se considerava um costume pagão, rapidamente se tornou numa tradição cristã, e a oferta de presentes passou a simbolizar a entrega de oferendas ao Menino Jesus pelos Reis Magos. Atualmente, as prendas são essencialmente para as crianças que deliram com o momento de rasgar o papel de embrulho e descobrirem o presente que tanto ansiavam.

Por norma, a troca de presentes é feita à meia-noite do dia 24 de dezembro, isto é, na passagem do dia 24 para o dia 25. Na maioria das famílias a troca de presentes é realizada à meia noite, mas quando existem crianças ou pessoas de idade, a hora da distribuição dos presentes é feita mais cedo ou realizada na manhã do dia de Natal, dia 25.

Nesta altura do ano, grande parte dos municípios do distrito incentivam a compra de presentes nos estabelecimentos de Comércio Local, de modo a dinamizar e promover os estabelecimentos locais de cada região. Assim, cada município organiza um Sorteio de Natal, com o objetivo de presentear os clientes que efetuarem as suas compras nos estabelecimentos aderentes. O valor das compras varia entre os 10 e os 20 euros, sendo que, após a compra, o cliente recebe um cupão de participação, que deverá preencher e entregar às entidades responsáveis pelo sorteio. Regra geral, o sorteio realiza-se nos primeiros dias no novo ano, onde serão conhecidos os vencedores e entregue os respetivos prémios.

Nesta iniciativa participa o Município de Gouveia, Belmonte, Almeida, Guarda, Celorico da Beira, Sabugal, Figueira de Castelo Rodrigo e Fornos de Algodres e entidades empresariais como o NERGA – Associação Empresarial da Região da Guarda.

 

Árvore de Natal

A primeira referência à árvore de Natal no formato atual data do século XVI e, diz-se que tenha sido Martinho Lutero a começar a tradição de colocar velas na árvore de Natal.

Segundo a lenda, o pinheiro foi escolhido como símbolo do Natal por causa da sua forma triangular e que de acordo com a tradição cristã, representando a Santíssima Trindade: o Pai, o Filho e o Espírito Santo.

Segundo a História, Martinho Lutero, teólogo alemão, andava por uma floresta onde havia muitos pinheiros e, quando olhou para o céu, viu diversas estrelas e resolveu levar um pinheiro para a casa e colocar uma estrela no topo dela para simbolizar a sua visão da estrela que guiou os três magos até ao menino Jesus.

O costume da árvore de Natal começou a enraizar-se ao ponto de, atualmente, já fazer parte da tradição natalícia portuguesa. No distrito, os municípios apresentam a decoração e a árvore de Natal nos primeiros dias de dezembro, cativando a atenção de toda a comunidade.

 

 

 

 

Concurso de Couves de Natal

A couve, um produto integrante da ementa natalícia e imprescindível na mesa da Consoada, serve como mote a um dos maiores concursos de Couves, organizado pelo Município de Celorico da Beira, com o objetivo de divulgar e valorizar não só o setor agrícola, mas também os produtores de hortícolas.

A iniciativa surgiu de uma ideia de um produtor, de modo a homenagear os antigos horticultores do concelho de Celorico da Beira e divulgar os produtos agrícolas, mais concretamente as couves. O já tradicional Concurso de Couves de Natal, aliado à Feira à Moda Antiga, realiza-se desde 2015. Esta iniciativa também se realiza em Fornos de Algodres, Tábua, vila portuguesa do concelho de Coimbra, e em Carvalhais, concelho de Mirandela, distrito de Bragança.

 

Madeiro

Em algumas regiões, como Bragança, Guarda ou Castelo Branco, ainda se queima um madeiro durante a noite, numa grande fogueira no adro da Igreja.

O Madeiro serve de ponto de encontro para reunir amigos, familiares e vizinhos e desejar um Feliz Natal.

No distrito da Guarda e Castelo Branco, várias são as localidades que mantêm acesa a tradição do Madeiro, tais como a cidade da Guarda, Pinhel, Belmonte, Sabugal, Seia e Penamacor.   Para assistir a esta tradição, sugerimos uma visita à Aldeia Natal de Cabeça, no concelho de Seia, que oferece aos seus visitantes o Natal mais ecológico do país, onde a decoração fica a cargo dos moradores da aldeia.

Também em Penamacor, se alia o maior madeiro de Natal de Portugal a diversas atividades natalícias, uma tradição cultural que está enraizada neste concelho do distrito de Castelo Branco. Na cidade mais alta do país, em tarde de consoada, os guardenses reúnem-se para brindar com amigos e familiares antes do tradicional jantar.