À Guarda chega-se de comboio pela Linha Internacional da Beira Alta, ou de carro pela A23 que vem do sul e de Lisboa. Pelo renovado eixo rodoviário que é a actual A25 viaja-se desde o norte e de Coimbra, via IP3.
De Celorico da Beira se ascende à denominada Estrada da Beira (N17), via de acesso ao Parque Natural da Serra da Estrela, por Linhares, aldeia histórica e centro de parapente, Gouveia ou Seia.
Da Guarda para Almeida (N322) ou Celorico da Beira para Trancoso, via Celorico Gare (N102), faz-se a ligação à Rota do Vale do Côa e Além Douro em direção a Marialva e Longroiva e ao concelho de Vila Nova de Foz Côa, oportunidade para conhecer o Museu do Côa e o Centro de Interpretação do Parque Arqueológico do Côa e daí rumar ao Douro Vinhateiro (N222 e N324) por Freixo de Numão, ou a S. João da Pesqueira (N222). A paisagem do Douro e as gravuras do Parque estão classificadas como Património da Humanidade.
Celorico da Beira, que o Rio Mondego abraça, abre caminho, pela A25, em direção ao mar, na Rota do Dão – Lafões – Vale do Vouga, por Viseu, e na Rota do Mondego, por Coimbra (IP3).
Da Guarda para Valhelhas (N18-1) se toma caminho para a Cova da Beira e o monumental Vale Glaciário do Zêzere, já na rota da bacia Zêzere-Tejo.
Os grandes quadros paisagísticos
Esta é uma paisagem modelada pelo rio Mondego, que nasce lá no alto nos granitos da Estrela, atravessa serpenteando os xistos de Videmonte e rompe as barreiras de granito por alturas do Porto da Carne, N16 (concelho da Guarda). Uma vasta bacia hidrográfica, alimentada por pequenos corgos e pelos degelos dos regatos primaveris, de amplos vales tectónicos descendo suavemente as encostas da montanha, desde Seia, Gouveia, Linhares e Guarda.
Percurso recomendado
Com partida na Guarda:
Guarda (N16 e N338) – Maçainhas – Corujeira – Trinta – Videmonte (EM) – Quinta da Taberna – Videmonte – Penha de Prados – Prados – Linhares – Carrapichana (N17) – Celorico da Beira (N16) – Lajeosa do Mondego (EM) – Aldeia Viçosa – Mizarela – Vila Soeiro – Caldeirão – Meios – Fernão Joanes (EM até à N18- 1) – Lugar de encontro das 3 bacias hidrográficas, Douro, Tejo e Mondego – Vale de Estrela – Pêra do Moço – Jarmelo – Guarda.
Com partida em Celorico:
Celorico da Beira (N17) – Carrapichana – Linhares – Prados – Penha de Prados – Videmonte – Quinta da Taberna – Videmonte – Trinta-Meios – Fernão Joanes (EM até à N18-1) – Ponto de encontro das três bacias hidrográficas, Douro, Tejo e Mondego – Vale de Estrela – Guarda – (N16 e N338) – Maçainhas (EM) – Caldeirão – Vila Soeiro – Mizarela – Aldeia Viçosa – Lajeosa do Mondego (N16) – Celorico da Beira.
O Património da Guarda
Diz-se da Guarda, segundo um rifão antigo, que é fria, pela neve da Estrela, forte, pelo seu castelo e muralhas, fiel, pela lendária resistência do alcaide, formosa, pelas paisagens de montanha, e farta, pela fertilidade do Vale do Mondego. Antiquíssima citânia, situada na área que possivelmente corresponde à civitas dos lancieenses Transcudani, mencionados na inscrição da Ponte de Alcântara (Extremadura espanhola) que teria a sua guarda avançada no castro vizinho de Tintinolho (direção Celorico da Beira, N16 ou acessível por Porto da Carne A25, a Covadoude, 2 km). Não muito longe fica o castro de Pedra Aguda (Monte Verão). D. Sancho I concedeu-lhe foral em 1199.
Na visita ao seu Centro Histórico encontram-se alguns lanços das primitivas muralhas e as três portas: do Sol/da Erva, d’ El Rei e dos Ferreiros, tal como a torre homóloga. A torre de menagem do castelo ainda domina a cidade.
A Sé da Guarda é uma igreja românica, gótica e manuelina, classificada como monumento nacional, construída entre os séculos XIV e XVI com o áspero granito da região, alternando portais góticos e janelas manuelinas. Nos beirais dos terraços as gárgulas evocam monstros, animais fantásticos e carrancas. Das oficinas coimbrãs de João de Ruão veio o retábulo renascentista da capela-mor, esculpido em pedra de Ançã. Cerca de uma centena de figuras representam a Virgem coroada de anjos, a Paixão e Morte de Cristo, os Evangelistas, a Anunciação e a Natividade, e exibem os bustos mutilados pela 3ª invasão francesa (século XIX). Capelas renascentistas e barrocas preenchem as naves laterais.
Destaque ainda para a igreja joanina da Misericórdia, a igreja barroca de S. Vicente, com o seu painel de azulejos e a Judiaria, pequeno burgo medieval de casario térreo e portas ogivais, cobertas de cruzes a testemunhar a imposta cristianização.
Entre os edifícios mais nobres, o primitivo Paço Episcopal, o Seminário e os antigos Paços de Concelho, manuelinos, os balcões filipinos, o Solar do Alarcão, o Solar dos Póvoas e a casa medieval do século XIV.
Nos arrabaldes da cidade o mais belo exemplar românico, a ermida de Nª Srª do Mileu. E a sua estação arqueológica, com vestígios da romanização.
Visitas obrigatórias à magnífica Biblioteca (Solar Teles de Vasconcelos), ao Museu da Guarda, instalado no antigo Seminário Episcopal (1601) e ao Paço da Cultura instalado no antigo Paço Episcopal, ao moderno Parque Urbano do Rio Diz e à Quinta da Maunça, um espaço de educação ambiental.
Passagem aconselhada pela Loja do Concelho – Coisas de Cá, no Largo do Paço do Biu, onde se encontram os produtos locais e regionais de qualidade.
À noite, o passeio recomendado pelo circuito histórico-monumental conduz ao largo da Sé e ao seu conjunto de casas porticadas medievais, cafés e esplanadas iluminadas por uma luz rasante que valoriza um espaço notável pela sua qualidade arquitetónica e de convívio social entre todas as gerações.
No espaço rural da Guarda, conserva-se um vasto e diverso património que percorreremos no itinerário aconselhado: saindo ao encontro do rio Mondego para Maçainhas pela N338, com os seus moinhos, casa nobre e capela, passa-se por Trinta, aldeia medieval, que conserva os chafarizes, forno comunitário e estações arqueológicas, em direção ao planalto de Videmonte, já em pleno Parque Natural da Serra da Estrela, deixando para o regresso a descoberta da paisagem do Caldeirão.
No Guia Geológico e Geomorfológico do PNSE encontramse assinalados alguns Locais de Interesse Geológico -LIG e respectivas descrições:
LIG 64. Quinta da Taberna
LIG 65. Videmonte. (EN 338) Ponte do Mondego
LIG 66. Ponte da Mizarela
Atravessamos o vale do Mondego entre centenários castanheiros e uma belíssima paisagem de campos de centeio, prados e aldeias de montanha, onde se encontram capelas e moinhos de água e estações arqueológicas (Quinta da Taberna,Calçada lajeada, Castro de Sto. Antão) que vão da Idade do Ferro (Fortaleza da Serra de Bois) à Idade Média (Sepulturas de Menoita); em Videmonte, destaca-se a igreja matriz do século XVII e o forno comunitário; prosseguindo por Estrada Municipal em direção ao cemitério, inicia-se um dos mais belos percursos rodoviários do Parque Natural da Serra da Estrela, em direção à Quinta da Taberna, estação arqueológica e refúgio de pastores ancestrais, cruzando um rio Mondego de águas rápidas e cristalinas, deparando com invulgares bancadas de xisto, enquanto desfila perante os nossos olhos uma visão de paraíso terreal, bosques densos e sebes contínuas de arvoredos, campos de centeio e prados sabiamente construídos entre as dobras do planalto, vales monumentais onde permanecem carvalhos e castanheiros centenários e uma vida selvagem e pastoril que guarda a memória de milhares de anos da presença do homem. Retornando a Videmonte onde se cruzam vários percursos pedestres, que indicamos na INTERNET, encontraremos o caminho para a monumental Penha de Prados. Na EM de Videmonte para Prados encontra-se o desvio, por estrada de terra batida e à distância de 4 km, para a Penha de Prados, talvez um antigo santuário rupestre e um verdadeiro monumento natural de onde se desfruta uma vastíssima panorâmica do Vale do Mondego, e se descobre nos vales próximos, como se fora uma manta de retalhos coloridos de verde, castanho e amarelo, o mosaico de prados, hortas e campos de centeio, de rara beleza. A subida ao cume da Penha de Prados permite a descoberta de pequenos canteiros floridos, de armérias, Armeria beirana e narcisos, Narcissus psedonarcissus subsp. nobilis e observar de perto o voo das rapinas, que se elevam majestosamente aproveitando as fortes correntes de vento que levaram à instalação próxima de um Parque Eólico, e onde está previsto um singular Museu do Vento. Na povoação castreja de Prados, de antiga tradição religiosa e pastoril, existe um pequeno museu a Casa do Mundo Rural de Prados e pela EM616 prossegue-se para Salgueirais, com a sua Escola Museu. Muito perto ficam os Moinhos da Rapa, com loja de produtos regionais. A EM554 conduz a Linhares da Beira, aldeia histórica com um poderoso castelo de duas torres, século XII, dotado de centro de interpretação multimédia e um valioso património paisagístico, arquitectónico e artístico, com destaque para a igreja da Misericórdia e a igreja matriz onde se conservam tábuas pintadas da escola de Grão Vasco (Adoração dos Magos, Descida da Cruz e Anunciação) e antigas bandeiras processionais, o Solar dos Corte Real, transformado em pousada, a Judiaria, pelourinho quinhentista e janelas manuelinas em granito e um conjunto de casas rurais notáveis pela sua adaptação à morfologia do solo. Na segunda torre do Castelo de Linhares, foi instalado um Fotomaton e um Simulador Virtual de Parapente, que recria com realismo o voo e permite experimentar todas as suas sensações. Em Linhares funciona um centro de parapente e uma escola de voo, de reputação internacional.
De Linhares pela povoação da Carrapichana, que tem igreja matriz e sepulturas rupestres (Cabrieira e Moitas) alcança-se a Estrada da Beira (N17), que nos conduz a Celorico da Beira.
Celorico e a Guarda estão ligados também pela N16, com passagem pela Lageosa do Mondego, com igreja matriz – o Solar dos Osórios, Calvário – Cruzes, Chafariz da Mitra, Chafariz da Padaria, Fonte Velha, Pedra Cavaleira e a Ponte do Ladrão.
Acompanhando o Mondego a partir da Lageosa alcança-se depois de sair da EN16, junto ao Porto da Carne a EM que nos levará a Aldeia Viçosa em cuja igreja se encontra o quadro atribuído à escola de Grão Vasco. Depois da Praia Fluvial no Mondego, e passando por novas quintas, capelas e estações arqueológicas, chega-se a Mizarela, onde se encontram capelas, igreja, solares (XVI/XVII) e ponte medieval, e ali ao lado Vila Soeiro (visita indispensável), com igreja, capela e fonte, de onde, regressando à EM, se chega por Pero Soares ao sítio do Caldeirão: lugar de encontro da ribeira de Corujeira com o rio Mondego, zona de contacto do xisto com o granito, com sucessivas gargantas, cachoeiras e marmitas-de-gigantes (caldeirões), refúgio dos pombos bravos e antiquíssimos soutos e carvalheiras, e um vasto espelho de água, albufeira da barragem. Nele se encontra o miradouro do Mocho Real e na margem do Mondego o Jardim Europeu. Segue-se a paisagem agricultada de Meios, com o cruzeiro e alminhas e onde poderá visitar com marcação prévia o Museu de Tecelagem de Meios, para chegar a Fernão Joanes, um verdadeiro eco-museu da etnografia regional, com o seu conjunto de cerca de 100 “cortes”, património agro-pastoril em aldeia satélite destinada ao abrigo de animais, denominada “Eiras” e centro de rotas da transumância, onde ainda são visíveis as Canadas (vias pecuárias) e os abrigos naturais dos pastores; visita-se ainda a igreja matriz, a Ermida de Nossa Senhora do Soito, com singulares pinturas no tecto (de Florian Vilches), mostrando a paisagem nas quatro estações do ano, a capela do Espírito Santo, diversos chafarizes, cruzeiros, alminhas, uma fonte medieval, uma necrópole. Já no regresso à Guarda, pela EN18-1, abrem-se dois caminhos: por Valhelhas, porta de entrada para o monumento natural que é o Vale Glaciar do Zêzere, e, em sentido oposto, o do vale do Mondego, com diversos miradouros naturais, onde se acha um pequeno desvio por estrada florestal que conduz, 1 km depois, ao miradouro das três bacias hidrográficas – Mondego, Zêzere/Tejo e Côa/Douro, assinalado por um cruzeiro. Em seguida é Vale de Estrela, com castanheiros centenários e uma belíssima paisagem armada em socalcos. É ainda o tempo de mergulhar mais profundamente no passado, indo à procura da anta de Pêra do Moço, (EN221 na saída da Guarda para Pinhel, entre os cruzamentos para Martianes e Guilhafonso, km 178,1, sítio da Tapada da Anta), testemunho das primeiras comunidades de agricultores (Neolítico Médio; 7000 a.C. – 4500 a.C.) e depois ao Castro do Jarmelo (200 a.C, ENl6 em direção a Vilar Formoso, cabeço sobranceiro ao km 66, no cerro do Jarmelo), com duas cinturas fortificadas, as ruínas da igreja de Santa Maria, os vestígios da Fonte da Moura, a igreja de S. Pedro e a igreja de S. Miguel. Povoado medieval ligado ao imaginário dos amores trágicos de Inês de Castro e D. Pedro, por ser terra natal (1357) de Diogo Lopes Pacheco ou Pedro Coelho, um dos assassinos de Inês de Castro, e que como castigo foi arrasada por ordem do já entronizado D. Pedro, aproveitando para descobrir a etnografia local, com destaque para a vaca Jarmeleira, uma raça única, e a oficina de ferreiro que produz ainda as tesouras de tosquia (Mateus Miragaia).
Na Guarda nasceram os cronistas medievais Rui e Fernão de Pina e viveu o poeta naturalista Augusto Gil, autor da Balada da Neve.
O Património de Celorico da Beira
Celorico da Beira foi edificado em granito compacto de cor cinza, sobre penhas monumentais e rochas arredondadas pela erosão.
A sua paisagem é dominada pelo milenário e altaneiro castelo, implantado num bloco granítico de onde se avista todo o Vale do Alto Mondego e a encosta Norte da Estrela e os cimos do Planalto da Nave, a longínqua Serra da Marofa, a ponte joanina da Lavandeira (que foi via romana, estrada de Santiago, de almocreves e da transumância) e até a necrópole pré-histórica de S. Gens. A tradição, afirma mesmo que do alto da sua torre norte se podem ver os pináculos da Sé da Guarda. Teria sido fundado pelos romanos e, constituía, com as fortalezas de Trancoso, Guarda e, modernamente, Almeida, o ferrolho do sistema defensivo das Beiras. Por este castelo combateram mouros e cristãos, leoneses, castelhanos (aqui ditou D. João I de Castela o seu testamento) e portugueses. Na sua cerca montaram quartel-general, durante as invasões napoleónicas, o exército francês e o luso-britânico. Passa a estar dotado de um moderno Centro de Interpretação com as mais avançadas tecnologias, percursos pedonais intra-muralhas e um anfiteatro. A Torre, oferece uma sala de exposição dos seu espólio arqueológico, um ciber-café, um visionário e um miradouro virtual, com animação em 3D (Virtual Sightseeing e Livro Mágico).
À sombra destas muralhas, aninham-se pequenas ruas medievais, a centenária Torre do Relógio, musealizada, solares e casas brasonadas com janelas manuelinas e barrocas esculpidas no granito, como o reabilitado Solar do Queijo da Serra, lugar de exposição e venda dos produtos da Estrela, queijos, pão de centeio e enchidos, e a Igreja de Sta. Maria, monumento nacional. Nos tetos em caixotão, conservam-se as pinturas maneiristas do século XVII, de oficinas desconhecidas mas com valor artístico, evocando o martírio e a beatitude dos santos e a catequese tridentina. O seu portal, de estilo barroco, tem na vizinha Igreja da Misericórdia outro belo exemplar da arquitetura joanina.
No campo da Corredoura, logradouro público onde se situa o Mercado, pode ser apreciada a arte funerária do mestre ferreiro Lourenço da Cunha (século XIX), autor do seu gradeamento, a capela de Sta. Eufêmia, padroeira de gados e pastores, com S. Martinho, e do lendário Barroco D’El Rei, desfrutar de uma magnífica panorâmica sobre o castelo e o novo curso do Mondego em direção ao mar.
Junto à estação de camionagem, numa das saídas da A25, situa-se o Museu do Agricultor e do Queijo.
Em Celorico realizam-se diariamente, desde o alvorecer do dia, abundantes e famosos mercados do melhor queijo da serra, artesanal e certificado. O Lagar Municipal, na saída para Trancoso (N102), na margem esquerda do Mondego, destinado à mostra gastronómica da região, completam a oferta turística.
Muito próximo, na aldeia de Vale de Azares, conservam-se sepulturas antropomórficas talhadas no granito e vestígios romanos.
O circuito alternativo com partida de Celorico da Beira será igualmente circular e em sentido inverso do circuito com partida da Guarda tal como segue: Celorico da Beira (N17) – Carrapichana – Linhares – Prados – Penha de Prados – Videmonte – Quinta da Taberna – Videmonte – Trinta-Meios – Fernão Joanes (EM até à N18-1)- Ponto de encontro das três bacias hidrográficas, Douro, Tejo e Mondego-Vale de Estrela – Guarda – (N16 e N338) – Maçainhas (EM) – Caldeirão – Vila Soeiro – Mizarela – Aldeia Viçosa – Lajeosa doMondego (N16) – Celorico da Beira. Poderá assim ser seguido pela descrição anteriormente feita