Em declarações à agência Lusa, Pedro Travares disse a “Arte do Côa”, um património mundialmente consagrado, é mais importante para a região do que propriamente a construção do empreendimento hidroelétrico.
O representante dos empresários da região do distrito da Guarda admitiu apenas que, do ponto de vista “estritamente económico” e num contexto nacional, a construção da barragem seria “mais benéfica”.
“Friso que, num contexto económico, a construção da barragem teria tido mais resultados para o país. Porém, para a região, não tenho dúvidas de que, para além do valor imaterial, o que está ser feito na promoção da terra tem mais impacto do que a construção da própria barragem”, defendeu.
Pedro Tavares assegurou que tem sido feito um trabalho “excelente” para o desenvolvimento da região do Côa a partir do núcleo da gravuras do Paleolítico Superior.
Quanto à criação de postos de trabalho, o empresário assinalou que à criação do Parque Arqueológico do Vale do Côa e do Museu do Côa empregou três dezenas de pessoas, a que se juntou um número indeterminado de posto de trabalho fomentados pela hotelaria, restauração e outros serviços.
“No que respeita à barragem, depois da construção os postos de trabalho não iriam além da meia dúzia, na produção e na manutenção o que não pode ser comparado com o fluxo de turistas que chega à região”, afirmou.
Aquando da descoberta “Arte do Côa”, em 1994, os arqueólogos portugueses asseguraram tratar-se de manifestações do Paleolítico Superior (20 a 25 mil anos atrás) e afirmaram estar-se perante “um dos mais fabulosos achados arqueológicos do mundo”.
O Parque Arqueológico do Vale do Côa foi inaugurado a 10 de agosto de 1996.
A suspensão da construção da barragem do Côa foi decretada oficialmente a 17 de janeiro de 1996, acompanhada pelo pedido de elaboração de um relatório sobre o valor patrimonial e arqueológico da região, que permitisse ao Governo uma decisão definitiva e fundamentada sobre o projeto hidroelétrico.