“Wildlings” quer atrair jovens para a região afetada pelos incêndios

O projeto “Wildlings” mostra a beleza do Pinhal Interior e convida ao repovoamento do interior do país.

Um grupo de jovens de várias nacionalidades que vivem na região Centro lançou, em parceria com artistas europeus, o “Wildlings”, um projeto que mostra a beleza do Pinhal Interior e convida ao repovoamento do interior do país.

O projeto ganhou forma numa plataforma digital que agrega temáticas sobre educação ambiental, informação sobre projetos comunitários ecologicamente sustentáveis em Portugal e no estrangeiro, bem como uma ‘websérie’ com seis episódios que retratam jovens a morar na zona da Serra do Açor, no distrito de Coimbra, fortemente afetada pelos fogos de outubro de 2017.

Para além da página oficial, o projeto vai ainda lançar um livro em abril, que surge como uma espécie de guia turístico para o Pinhal Interior, revelando cascatas e piscinas naturais escondidas pelo território, ao mesmo tempo que divulga informação sobre a biodiversidade da região, disse Lynn Mylou, holandesa de 36 anos a morar em Arganil.

“Moro aqui há três anos e apercebi-me do envelhecimento e da desertificação na região. Se queremos restaurar a natureza e os ecossistemas, precisamos de muitas pessoas”, explicou.

Foi esse o motivo que a levou a criar o “Wildlings”, em parceria com outros jovens a morar na região e artistas estrangeiros, para tentar atrair pessoas “que vivem nas cidades, que trabalham para o mundo corporativo, mas que têm um sentimento de que não gostam tanto” desse estilo de vida.

Na plataforma, é disponibilizado “conteúdo de qualidade”, seja documentários ou artigos sobre o ambiente, sustentabilidade ou alterações climáticas, ou ligações para cursos e artigos de educação nas mesmas áreas ou sobre agricultura sustentável.

“É inspirador, mas também educacional”, vincou Lynn Mylou.

Ao mesmo tempo, mostra a comunidade já estabelecida e os projetos que vão surgindo, muitas vezes pelas mãos de jovens.

“Depois dos fogos, houve muita atenção mediática nesta zona, mas há uma ideia de que as pessoas que vivem aqui são uns ‘hippies’, que fumam droga, que não fazem as coisas de acordo com a lei. Essa ideia está errada. A maioria das pessoas que vieram para aqui são muito qualificadas, estão cheias de competências, fazem coisas e investem tudo para revivificar esta região, que está abandonada e negligenciada”, frisa a holandesa.

A ‘websérie’, feita pelo jovem realizador de Oliveira do Hospital, Tiago Cerveira, procura mostrar as histórias e motivações de seis jovens que escolheram a Serra do Açor para viver.

Dois episódios já saíram, sendo que um novo episódio é sempre lançado ao domingo, às 19 horas.

“Nós esperamos inspirar com as nossas histórias, para que as pessoas comecem a tomar diferentes escolhas. Depois, sim, precisamos de mais pessoas e esta plataforma permite dar a conhecer-nos” e criar uma espécie de ligação com jovens que pretendam estabelecer-se na região, resumiu.


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