A divulgação e comercialização do cobertor de papa ocorre no âmbito de uma colaboração estabelecida entre a ADIRAM e a Associação O Genuíno Cobertor de Papa (AGCP), com sede em Maçainhas, no concelho da Guarda, a única entidade que assegura a produção deste acessório característico dos pastores serranos, que é obtido a partir da lã churra de ovelha.
“Aquilo que nós queremos com esta colaboração (…) é ir buscar um produto do passado, mas que ainda é produzido com mãos e com mestria e colocá-lo, muita vezes com novas abordagens ao nível do design, com novas utilizações, na linha da frente em condições de comercialização em mais larga escala”, disse à agência Lusa José Francisco Rolo, presidente da ADIRAM.
Segundo o responsável, os cobertores de papa de Maçainhas estão à venda no ‘site’ da associação, onde se encontram outros produtos do território.
“As pessoas escolhem, pedem quantidades e eles são produzidos, porque temos uma rede colaborativa de produtores. A valorização do cobertor de papa, naturalmente, integra esse processo que foi iniciado com o processo do projeto queijeiras, com a produção das capas da queijeira que, basicamente serviram para homenagear as queijeiras, ou seja as mulheres que produzem queijos Serra da Estrela e, simultaneamente, se transformou numa peça de ‘design’ para ser comercializada”, explicou.
A intenção da ADIRAM – que abrange 41 aldeias das serras da Estrela e da Gardunha e une nove municípios – é “dar-lhe escala, dar-lhe visibilidade, dar-lhe notoriedade e aumentar o valor económico”, admitindo que o cobertor típico pode transformar-se “num produto de elevado valor acrescentado”.
Céu Reis, presidente da direção da AGCP, disse à Lusa que no âmbito da parceria já foram produzidos cobertores com um ‘design’ específico para serem comercializados pela ADIRAM.
A responsável considera a colaboração como um “sinal positivo” e reconhece que “tudo o que traga progresso à região” é “sempre bem-vindo”.
“A produção está a ser feita em Maçainhas, somos o único local onde é feito o cobertor de papa artesanal e, para ele ser feito é preciso quatro artesãos trabalhando em conjunto, porque tem várias fases. Temos a parte da tecelagem que envolve dois artesãos e temos depois a parte do acabamento, que é o pisão, e a fazer o pelo e as râmbolas, que são mais dois, neste caso, duas artesãs [porque] era um trabalho feito por homens e, neste momento, está a ser feito por mulheres”, contou.
O cobertor de papa ainda deixou de ser fabricado temporariamente e a sua produção foi retomada pela associação (criada em 15 de maio de 2018).
“Ele só se faz aqui, em Maçainhas da Guarda, a nível mundial. Portanto, achámos que seria um tesouro que não se pode perder. E, daí, nós avançámos e estamos no terreno. Não é fácil, mas estamos cá e isso é que importa”, rematou.
A AGCP comercializa o cobertor de papa a nível nacional e também vende diretamente aos consumidores nas suas instalações.
Em 2020 o cobertor de papa participou no programa da RTP1 as 7 Maravilhas da Cultura Popular, tendo sido um dos finalistas regionais do distrito da Guarda do concurso 7 Maravilhas da Cultura Popular.
